São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 2011

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Ao cortar juros, Brasil destoa de demais países com inflação alta

Para evitar baixo crescimento, analistas preveem que BC voltará a reduzir taxa na quarta-feira

Levantamento indica que apenas quatro países optaram por reduzir juros diante de incerteza internacional

MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

A decisão do Banco Central brasileiro de reduzir a taxa de juros em um momento de inflação ainda elevada não foi acompanhada pela maioria dos bancos centrais que trabalha com o sistema de metas de inflação.
Levantamento feito pela Folha revela que, de 27 países que seguem o mesmo regime de controle da inflação, apenas quatro -incluindo o Brasil- reduziram os juros.
Diante da incerteza global, mas ainda com inflação alta, a maioria (20 países) vem mantendo os juros inalterados nos últimos meses. "A mudança na política monetária brasileira, agora mais focada em crescimento do que em inflação, não foi acompanhada por outros países", afirma Tony Volpon, diretor de pesquisa econômica da corretora Nomura.
Ele observa que Peru, Chile, Colômbia, Uruguai e México também estão em desaceleração econômica, mas mantiveram os juros inalterados nas últimas reuniões.
No Brasil, mesmo com a inflação alta, a expectativa dos economistas é que o BC corte novamente a taxa de juros nesta quarta-feira, para evitar uma desaceleração muito forte da economia.
Com a indústria fraca e o varejo perdendo fôlego, analistas projetam uma possível retração no 3º trimestre. "O corte dos juros vai impedir que a economia esfrie demais", defende o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges.
Para o economista da USP Carlos Eduardo Gonçalves, é importante que a economia cresça menos para que a inflação caia. A inflação acumulada em 12 meses está em 7,3%, acima da meta de 4,5%, com tolerância até 6,5%.
Gonçalves ressalta que é mais difícil reduzir a inflação do que reaquecer a economia mais à frente: "Como o desemprego continua baixo, não se justifica tanta preocupação com o crescimento".
As projeções dos economistas são de que o BC deve continuar cortando os juros dos atuais 12% ao ano para algo entre 9% e 10,5%. Mas, para André Perfeito, economista da corretora Gradual, o ritmo de redução dos juros será mantido, com três cortes de 0,5 ponto percentual até o fim do ano.
O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, Carlos Thadeu de Freitas, pondera que o sucesso do BC depende do corte de gastos do governo e de uma piora no exterior: "Senão, o BC terá que voltar a subir a taxa de juros em 2012".


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