Casa Civil prorroga por mais 20 dias sindicância que apura tráfico de influência; adiamento foge à normalidade

Investigação já acabou, e falta apenas comissão elaborar relatório final; ministro pode decidir se divulgará ou não o texto

Sergio Lima - 26.ago.2010/Folhapress

A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, no Planalto

BRENO COSTA
DE BRASÍLIA

A Casa Civil da Presidência da República prorrogou por mais 20 dias a sindicância que investiga a prática de tráfico de influência pela ex-ministra Erenice Guerra e por ex-assessores do órgão.
Erenice, ex-braço direito da presidente eleita, Dilma Rousseff, pediu demissão do cargo em setembro após a Folha revelar que ela se reuniu com empresários interessados em vender projetos para o governo e que contataram uma empresa de lobby dos filhos da ex-ministra.
Além de Erenice, também deixaram o governo Vinícius Castro, Stevan Knezevic e Gabriel Laender, acusados de participação no suposto esquema de tráfico de influência quando exerciam cargo na Casa Civil.
A comissão foi criada em 17 de setembro por um prazo de um mês. Porém, a Casa Civil prorrogou o prazo dos trabalhos por mais 30 dias e, agora, voltou a estendê-los.
Apesar de o órgão negar motivação eleitoral, a medida impediu que o resultado das investigações fosse conhecido antes do segundo turno das eleições.
O prazo para a conclusão da sindicância terminaria anteontem, mas, segundo a Casa Civil, a comissão pediu mais tempo para "analisar as informações levantadas".
A prorrogação foge à praxe. Geralmente, esses adiamentos ocorrem dentro do prazo permitido por lei, ou seja, por mais 30 dias. Se isso acontecesse, a conclusão cairia no dia do aniversário de Dilma: 14 de dezembro.
A Casa Civil informou que 20 dias foi o tempo considerado necessário pela comissão para finalizar a análise das informações recolhidas.
A Folha apurou que a investigação está encerrada, e que não haverá novos depoimentos. Falta compilar os dados e fazer o relatório final.


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