São Paulo, quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Dilma veta acordo para manutenção de pastas

Presidente eleita quer liberdade para nomear ministros de sua confiança

Pedido da petista é para que Temer atue como vice, e não em nome de interesses do partido que comanda, o PMDB

DE BRASÍLIA
DA ENVIADA A BRASÍLIA

A presidente eleita, Dilma Rousseff, mandou abortar qualquer negociação com os partidos aliados para que cada um mantenha os mesmos ministérios em seu governo.
Segundo a Folha apurou, a petista avisou a interlocutores que não aceitará essas imposições como critério para repartir os cargos da Esplanada, tampouco entrará no xadrez ministerial vestida numa "camisa-de-força".
Ela disse que seu poder de escolha não pode ficar engessado pelas demandas da base, ainda que, em alguns casos, o pleito de manter as pastas seja contemplado.
A determinação de Dilma é uma clara reação ao "pacto de não agressão" firmado entre PMDB, PR, PP, PTB e PSC, selado para ampliar seu poder de barganha. Dilma não quer repetir a "fotografia" do atual governo, apesar do carimbo da continuidade.
"A presidente eleita vai montar o seu ministério e cabe aos partidos da base aliada darem sustentação a isso. E todos nós vamos nos colocar contrários a pressões que dizem que tudo tem que ficar como está", disse o líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Dilma costuma dizer em conversas privadas que atender a essa demanda significa perder autonomia para definir sua própria equipe. A ideia de manter intocados os territórios hoje ocupados partiu do PMDB, defensor da tese de continuar com seis ministérios sob sua tutela.
Ela não havia gostado da ideia, e ficou ainda mais contrariada ao ver o PMDB selar pacto com outros partidos.
Em reunião na Granja do Torto anteontem, Dilma determinou que o assunto fosse tratado com seu vice, Michel Temer, presidente do PMDB. Enviou-lhe um recado: quer que ele atue como vice, e não como defensor dos interesses do partido que comanda.
A mensagem foi entregue a ele em almoço realizado ontem com os coordenadores da transição. O peemedebista assegurou que atuará em nome do governo, não da legenda. Ele e Dilma conversam sobre isso ontem.
O presidente do PT e integrante da coordenação, José Eduardo Dutra, entregou à eleita as demandas dos partidos, com uma constatação que revela as dificuldades de acomodar tantos aliados: "Todos querem manter o mesmo espaço [no governo] e, se possível, aumentar".
Dilma considera estratégicos alguns ministérios-caso de Cidades e Comunicações -e quer nomear pessoas de sua confiança para eles, mesmo que as pastas sejam entregues a partidos.

TEMAS
Dilma determinou que a equipe de transição organize reuniões temáticas em que se debatam "grandes questões", como saúde, educação e erradicação da miséria.
Para isso, quer a presença de especialistas de instituições como Ipea e FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Ontem, ela discutiu transportes. Em uma articulação típica de chefe da Casa Civil, o coordenador da transição Antonio Palocci pediu à presidente eleita que recebesse técnicos da área para tratar de problemas em torno da licitação do trem-bala. (NATUZA NERY, ANA FLOR, VALDO CRUZ, MÁRCIO FALCÃO E MARIA CLARA CABRAL)


Texto Anterior: Líderes da Câmara defendem reajuste para deputados
Próximo Texto: Frases
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.