São Paulo, quarta-feira, 17 de novembro de 2010

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PT e Dilma reagem a bloco da base aliada

PMDB anunciou união com 4 partidos para tentar obter espaço no governo e força na disputa pelo comando da Câmara

Governo contra-atacou e debelou ofensiva; no início da noite, PP negou fazer parte de plano peemedebista

FERNANDO RODRIGUES
MARIA CLARA CABRAL
DE BRASÍLIA

Com poder limitado nas discussões sobre a transição de governo, o PMDB tomou ontem uma atitude arrojada: anunciou um bloco com outros quatro partidos para formar uma bancada de 202 deputados na Câmara.
No início da noite, entretanto, uma reação rápida do PT e da presidente eleita, Dilma Rousseff, acabou colocando em risco estratégia peemedebista.
O PMDB anunciou que seu bloco teria o apoio formal de PR, PTB, PP e PSC. Com essa configuração, teria os 202 deputados e ficaria muito superior à bancada petista, com 88 cadeiras. O caminho estaria então pavimentado para o atual líder peemedebista, Henrique Eduardo Alves (RN), tentar se eleger presidente da Câmara.
Aí as forças governistas entraram em ação. Participou diretamente da operação o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Muitos deputados foram contatados para ajudar a debelar o plano do PMDB.
A contraofensiva do governo surtiu efeito no início da noite, quando o líder do PP, João Pizzolatti (SC), negou que estivesse já acertado para colocar seu partido no chamado "blocão" do PMDB.
"O que tem é uma conversa, que comecei há duas semanas, com PR e PTB", declarou Pizzolatti. "Preciso consultar o partido, a base", disse o deputado do PP.
Todas essas movimentações partidárias se referem a duas disputas: 1) espaço na composição do governo de Dilma Rousseff e 2) escolha dos novos presidentes da Câmara e do Senado.
O PMDB tem se sentido preterido no processo conduzido por Dilma Rousseff. Também não conseguiu dobrar o PT a respeito de um possível rodízio (dois anos para cada um) na presidência da Câmara. Os petistas responderam que só aceitam o acordo se a regra for válida também para o Senado.
Sem opções, o PMDB partiu ontem para um quase confronto a anunciar o "blocão". A reação governista contou com a atuação direta de Dilma Rousseff, que chamou o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, para uma conversa hoje.
Temer, que é o vice-presidente da República eleito na chapa com Dilma, tem sido chamado para reuniões da equipe de transição. Ocorre que seu poder é limitado suas participações não têm rendido dividendos políticos ao PMDB.
"Esse bloco não é para confrontar, é para organizar o trabalho nesta Casa [Câmara] e fora dela, na composição do governo", afirmou o líder Henrique Alves, antes que o "blocão" tivesse sido colocado em risco com a defecção do PP.


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