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Folha registrou trajetória de FHC, da USP à Presidência
Acervo do jornal na internet reúne atuação do ex-presidente e sociólogo desde a oposição à ditadura até hoje, quando faz 80 anos
DE SÃO PAULO
A geração do sociólogo
Fernando Henrique Cardoso,
que completa 80 anos hoje,
está na origem dos dois partidos que atualmente dominam a política brasileira -PT
e PSDB, ocupantes da Presidência nos últimos 16 anos.
Essa geração, porém, foi
afastada da academia no auge da ditadura militar -na
USP, por exemplo, mais de
20 professores foram aposentados compulsoriamente em
abril de 1969, meses depois
de o AI-5 ter sido decretado.
Nos anos seguintes, sobretudo a partir da década de 70,
a Folha ofereceria amplo espaço a esses intelectuais, seja como entrevistados, articulistas de seções como
"Tendências/Debates" ou
colunistas -casos do próprio
FHC e de Florestan Fernandes (1920-1995), entre outros.
Todos esses artigos podem
ser pesquisados no site do
Acervo Folha (acervo.
folha.com.br), que oferece a
íntegra do jornal desde 1921.
O cerco aos professores da
então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP
começou anos antes da aposentadoria compulsória, durante o governo de Castello
Branco, o primeiro dos presidentes militares da ditadura.
Em 30/3/1965, a Folha informava que um promotor
militar pedira a prisão preventiva de quatro docentes e
um aluno da FFCL, acusados
de "propaganda marxista e
subversão". Os professores
eram FHC, Florestan, o físico
e crítico de arte Mario Schenberg (1914-90) e o filósofo
João Cruz Costa (1904-78).
Tanto o futuro presidente
-que, de 1964 a 1968, passou
períodos no Chile e na França- quanto o físico seriam
incluídos no expurgo de
1969, noticiado pelo jornal
em 30 de abril de 1969.
CEBRAP
Ainda em 1969, alguns dos
professores afastados pela
ditadura fundariam o Cebrap
(Centro Brasileiro de Análise
e Planejamento) -instituição de estudos com verbas
fornecidas por diversos organismos internacionais.
Nos anos seguintes, o Cebrap se tornaria um ponto de
referência para o pensamento de oposição ao regime militar, e a Folha abriria suas
páginas a colaborações de
vários dos seus integrantes.
Em 6 de julho de 1972, o
jornal deu espaço a uma palestra em que o economista
Paul Singer -outro dos aposentados em 1969 e que viria
a ser um dos fundadores do
PT- questiona os dados da
economia no período chamado de "milagre brasileiro".
Vários outros participantes do grupo inicial do Cebrap, como o próprio FHC,
José Arthur Giannotti, Boris
Fausto, Francisco de Oliveira
e Roberto Schwarz, escreveram para a Folha de modo
esporádico, frequente ou
com regularidade, ao longo
das décadas seguintes.
Com a abertura do final do
regime militar, esses intelectuais iniciariam sua reinserção na vida política do país,
de diferentes maneiras.
Em 1978, FHC disputaria o
Senado pelo então MDB e ficaria como suplente de Franco Montoro, eleito por São
Paulo. Quatro anos depois,
Montoro se elegeria governador, e o sociólogo assumiria
sua cadeira no Senado.
Era o início de uma carreira política que, passando pela implantação do Real (1º/
7/1994), culminaria na Presidência, na estabilização da
economia do país e em escândalos como o da acusação da compra de votos pela
reeleição (13/5/1997).
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