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PRESIDENTE 40/ELEIÇÕES 2010
Brasilianistas veem Serra e Dilma parecidos
Estudiosos afirmam que os dois têm posições semelhantes sobre economia, mas veem diferenças na política externa
Anthony Pereira avalia que Dilma deve ser um pouco mais estatista e menos pró-EUA do que seu adversário tucano
PLÍNIO FRAGA
DO RIO
Os pré-candidatos à Presidência José Serra (PSDB) e
Dilma Rousseff (PT) são mais
parecidos e têm mais convergências do que admitem, assim como o governo Lula foi
mais continuísta em relação
ao de FHC do que gosta de assumir. A avaliação é de sete
brasilianistas -acadêmicos
internacionais especializados em estudos brasileiros.
A entidade que os congrega, a Brasa, fará sua 10ª conferência internacional de 22 a
24 de julho, em Brasília. Gerenciar bem a produção de
petróleo, ampliar as reformas e investir na educação
são sugestões ao eleito.
"Tenho ficado desapontado com ambos por serem um
bocado suaves. O PT tem medo de assumir uma postura
mais agressiva à esquerda, e
o PSDB está com medo de tomar uma posição mais agressiva pró-mercado. Contudo,
moderação pode ser uma boa
coisa e é o resultado natural
de eleições majoritárias", reclama Scott Desposato, da
Universidade da Califórnia.
Anthony Pereira, diretor
do King's Brazil Institute,
afirma que os dois têm "posições semelhantes" sobre
economia, mas "Dilma deve
ser um pouco mais estatista
em relação à política econômica e envolvimento do Estado na economia e sua política externa deve ser menos
pró-EUA do que a de Serra".
William C. Smith, professor da Universidade de Miami, também não vê "grandes
diferenças entre Dilma e Serra. Os dois compartilham
orientações semelhantes sobre a política econômica".
Para Marshall Eakin, historiador da Universidade
Vanderbilt, o país estará
"bem servido" por qualquer
um, apesar de se mostrar inclinado ao tucano. "Serra
claramente tem mais experiência como administrador.
Se Dilma ganhar, provavelmente continuará a usurpação gradual dos principais
postos do governo", diz.
CREDIBILIDADE
Ashley Brown, da John F.
Kennedy School of Government, da Universidade Harvard, elogia a petista: "Em
termos de percepção externa, os dois candidatos majoritários têm alta credibilidade e competência", afirma.
"O único candidato que
conheço pessoalmente bem
é Dilma, com quem tive a
oportunidade de trabalhar. É
muito inteligente, curiosa intelectualmente, bastante realista e uma administradora
extraordinariamente competente", afirma Brown.
James Green, professor de
história da Universidade
Brown, em tom crítico, ressalta que Lula deu continuidade à maior parte da política macroeconômica de FHC.
"Suspeito que Dilma a
continuará, se for eleita. Muitas das políticas de FHC foram concebidas para favorecer determinados setores da
economia e provocar um
"trickle down efecct" (concessão de benefícios a setores
empresariais que beneficiariam toda a população), mas
não está claro se esse processo ocorreu com sucesso."
Lawrence Graham, professor da Universidade do Texas, aponta vieses opostos
entre a petista e o tucano.
"Com Dilma Rousseff, pode-se esperar maior distanciamento em relação aos
EUA e à União Europeia. Em
contraste, acredito que José
Serra melhoraria os laços diplomáticos e econômicos
com América do Norte e Europa."
John D. French, professor
da Universidade Duke, usa o
Barão de Itararé (pseudônimo do humorista Apparício
Torelly) para apontar problemas nas duas chapas: "Afirma o Barão: "Dize-me com
quem andas e eu te direi se
vou contigo'; e "quem só fala
dos grandes, pequeno fica"."
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