São Paulo, domingo, 18 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Políticos guardam R$ 17 mi no colchão

Romero Jucá, líder de Lula no Senado, tem R$ 607 mil; suplente de Demóstenes Torres (DEM) declarou R$ 2,2 mi

"E daí eu ter dinheiro em casa?", questiona o senador Mão Santa: "Tenho despesas, não sou homem de negócios"

ANDREZA MATAIS
FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O hábito de ter dinheiro em espécie está espalhado entre políticos de todos o país. Dos 1.126 candidatos (à Presidência, aos governos e ao Senado, incluindo os suplentes) que já tiveram o registro divulgado pela Justiça Eleitoral, 63 informaram ter R$ 17 milhões em espécie.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), declarou ter 90% do seu patrimônio "em espécie": de R$ 607 mil que informou à Justiça, R$ 545 mil estão "em poder do declarante."
O restante se resume a um terreno na praia (R$ 4.000), ações de companhia telefônica (R$ 31 mil) e saldo em conta corrente (R$ 27.856). Por meio da assessoria, Jucá disse que o valor está declarado e que não há ilegalidade.
A prática não é ilegal, mas, na avaliação de especialistas em finanças domésticas, "não tem lógica" guardar dinheiro em espécie porque o dinheiro perde valor. O rendimento médio mensal da poupança, um dos investimentos mais conservadores do mercado, é de 0,5%.
A maior quantia declarada em espécie é do candidato a primeiro suplente para o Senado Wilder Morais (DEM-GO), que concorre na chapa de Demóstenes Torres (DEM-GO). Morais informou que guarda R$ 2,2 milhões numa caixa-forte num banco.
"Ninguém guarda dinheiro, não? Sou empresário e faz parte ter esse dinheiro para ter agilidade. Em 1998, ninguém tinha crédito por conta da crise nos bancos e foi melhor ter o dinheiro em espécie. Mas não está em casa, guardo num cofre no banco".
O senador Demóstenes se disse surpreso: "É estranho. Eu não tenho dinheiro em casa. Na minha atividade como político e membro do Ministério Público não é usual".
O hábito de guardar dinheiro em casa passou de pai para filha na família do senador Mão Santa (PSC).
Na declaração que apresentou ao TSE, Mão Santa informou até o local onde guarda os R$ 95 mil: "no cofre". A filha dele, Cassandra Moraes Souza (PSC), primeira suplente do pai, tem R$ 50 mil, também "no cofre".
"E daí eu ter esse dinheiro em casa? Tenho despesas, não sou um homem de negócios, sou um homem de sabedoria", disse Mão Santa. Com relação à filha adotar o mesmo procedimento, ele disse: "O pai dela dá o exemplo".
Edilberto de Paula Ribeiro (PSB-SP), primeiro suplente na chapa de Alexandre Serpa (PSB), declarou R$ 1,62 milhão em espécie. É o segundo maior montante. Ele não foi localizado pela Folha.
O TSE atualiza os dados diariamente. A Folha já havia mostrado outros casos, como o de Dilma Rousseff, que tem R$ 113 mil, e o do delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, que disse ter R$ 284 mil em casa.


Texto Anterior: 20 candidatos mais ricos têm fortuna total de R$ 4,1 bi
Próximo Texto: Elio Gaspari: Piada da privataria: seguro para a tropa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.