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Políticos guardam R$ 17 mi no colchão
Romero Jucá, líder de Lula no Senado, tem R$ 607 mil; suplente de Demóstenes Torres (DEM) declarou R$ 2,2 mi
"E daí eu ter dinheiro em casa?", questiona
o senador Mão Santa: "Tenho despesas, não sou homem de negócios"
ANDREZA MATAIS
FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O hábito de ter dinheiro
em espécie está espalhado
entre políticos de todos o
país. Dos 1.126 candidatos (à
Presidência, aos governos e
ao Senado, incluindo os suplentes) que já tiveram o registro divulgado pela Justiça
Eleitoral, 63 informaram ter
R$ 17 milhões em espécie.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), declarou ter 90% do seu
patrimônio "em espécie": de
R$ 607 mil que informou à
Justiça, R$ 545 mil estão "em
poder do declarante."
O restante se resume a um
terreno na praia (R$ 4.000),
ações de companhia telefônica (R$ 31 mil) e saldo em conta corrente (R$ 27.856). Por
meio da assessoria, Jucá disse que o valor está declarado
e que não há ilegalidade.
A prática não é ilegal, mas,
na avaliação de especialistas
em finanças domésticas,
"não tem lógica" guardar dinheiro em espécie porque o
dinheiro perde valor. O rendimento médio mensal da
poupança, um dos investimentos mais conservadores
do mercado, é de 0,5%.
A maior quantia declarada
em espécie é do candidato a
primeiro suplente para o Senado Wilder Morais (DEM-GO), que concorre na chapa
de Demóstenes Torres (DEM-GO). Morais informou que
guarda R$ 2,2 milhões numa
caixa-forte num banco.
"Ninguém guarda dinheiro, não? Sou empresário e faz
parte ter esse dinheiro para
ter agilidade. Em 1998, ninguém tinha crédito por conta
da crise nos bancos e foi melhor ter o dinheiro em espécie. Mas não está em casa,
guardo num cofre no banco".
O senador Demóstenes se
disse surpreso: "É estranho.
Eu não tenho dinheiro em casa. Na minha atividade como
político e membro do Ministério Público não é usual".
O hábito de guardar dinheiro em casa passou de pai
para filha na família do senador Mão Santa (PSC).
Na declaração que apresentou ao TSE, Mão Santa informou até o local onde guarda os R$ 95 mil: "no cofre". A
filha dele, Cassandra Moraes
Souza (PSC), primeira suplente do pai, tem R$ 50 mil,
também "no cofre".
"E daí eu ter esse dinheiro
em casa? Tenho despesas,
não sou um homem de negócios, sou um homem de sabedoria", disse Mão Santa. Com
relação à filha adotar o mesmo procedimento, ele disse:
"O pai dela dá o exemplo".
Edilberto de Paula Ribeiro
(PSB-SP), primeiro suplente
na chapa de Alexandre Serpa
(PSB), declarou R$ 1,62 milhão em espécie. É o segundo
maior montante. Ele não foi
localizado pela Folha.
O TSE atualiza os dados
diariamente. A Folha já havia mostrado outros casos,
como o de Dilma Rousseff,
que tem R$ 113 mil, e o do delegado da Polícia Federal
Protógenes Queiroz, que disse ter R$ 284 mil em casa.
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