|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Primeiro réu do caso Celso Daniel será julgado hoje
Motorista teria dirigido carro usado no sequestro do prefeito de Santo André
Promotoria defenderá tese de que o crime foi encomendado para proteger esquema de corrupção no município
UIRÁ MACHADO
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
Será julgado hoje em Itapecerica da Serra (região metropolitana de São Paulo) o
primeiro dos sete denunciados sob a acusação de envolvimento no assassinato do
prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), morto com oito tiros em janeiro de 2002.
O réu é Marcos Roberto
Bispo dos Santos, o Marquinhos, que teria dirigido um
dos carros usados para sequestrar o prefeito. Ele será
julgado por júri popular e, se
condenado, poderá pegar de
12 a 30 anos de prisão.
Marquinhos, que não foi
localizado pela Justiça, poderá ser julgado à revelia. Ontem, por causa de seu desaparecimento, o réu teve a prisão decretada.
No julgamento, o Ministério Público defenderá a tese
de que o assassinato de Celso
Daniel não foi um crime comum (hipótese defendida
pela Polícia Civil em 2002),
mas uma "morte encomendada" para proteger um esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André.
CAMPANHA
O promotor Francisco
Cembranelli, que fará a apresentação para o júri, sustentará que os desvios de recursos alimentavam um "caixa
de campanha para a candidatura que estava sendo lançada" em 2002 -a de Lula à
Presidência da República.
"Havia a formação de um
fundo, e isso era do conhecimento de Celso Daniel. A partir do momento em que os recursos passaram a ser desviados para as contas pessoais de muitos dos envolvidos, ele ameaçou tomar providências", diz Cembranelli.
De acordo com a acusação, o mandante do crime teria sido Sérgio Gomes da Silva, o "Sombra" -ele nega.
Amigo do prefeito, ele é acusado de integrar "uma quadrilha dedicada à prática de
crimes contra a administração pública de Santo André".
Cembranelli -que ganhou
notoriedade com o caso Isabella Nardoni e passou a participar do caso Celso Daniel
em julho deste ano- aposta
que, "embora pareça um crime complexo, a história será
compreendida com facilidade pelos jurados".
Ainda de acordo com Cembranelli, se Marquinhos for
condenado no julgamento de
hoje, isso indicará qual a posição da sociedade sobre o
caso e poderá ter "repercussão nos outros julgamentos".
Os demais envolvidos no
crime devem ser julgados
apenas no ano que vem. Diferentemente de Marquinhos,
eles recorreram da decisão
que determinou a realização
do júri popular.
O advogado de Marquinhos, Adriano Marreiro dos
Santos, afirmou que o réu é
inocente e "não estava no local e na hora do crime".
A decretação da prisão de
Marquinhos ontem prejudicou a defesa, diz Santos.
"Existia uma possibilidade
de ele comparecer espontaneamente, mesmo não tendo
sido intimado. Entendo que
agora não mais, porque ninguém vai comparecer a um
julgamento para ser preso."
Texto Anterior: Servidores do Judiciário iniciam greve em 7 Estados Próximo Texto: Capiberibe acusa Sarney de compra de testemunhas Índice | Comunicar Erros
|