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AGU dá benefício à mulher de Gilmar Mendes
Privilégio contraria lei de 97; Advocacia afirma que decisão é baseada em parecer próprio
MATHEUS LEITÃO
DE BRASÍLIA
Cotado para assumir uma
cadeira no Supremo Tribunal
Federal, o advogado-geral da
União, Luís Inácio Adams,
aprovou a concessão de benefício, contrariando a lei, à
mulher de um ministro do tribunal. A decisão é inédita na
Advocacia-Geral da União.
Adams revogou um entendimento anterior da própria
AGU para conceder, em
agosto deste ano, um benefício a Guiomar Feitosa de Albuquerque Mendes, mulher
do ministro e ex-presidente
do STF Gilmar Mendes. Ela
era funcionária da AGU e se
aposentou em maio de 2009.
O advogado-geral converteu dois meses de licença-prêmio não usufruídos em
dinheiro, o que fere a lei
9.527, de 1997.
A Folha apurou que, caso
a conversão seja efetuada,
Guiomar receberá aproximadamente R$ 55 mil, equivalente a dois meses de salário.
Procurada pela Folha,
Guiomar não quis comentar
o caso. A amigos ela tem dito
que, caso a AGU não pague,
entrará na Justiça comum.
O benefício concedido por
Adams foi indeferido por outros quatro servidores da
AGU: uma advogada da
União, dois diretores e pelo
advogado-geral da União
substituto, Fernando Luiz Albuquerque Faria.
O consultor da União, Arnaldo Sampaio de Moraes
Godoy, fez um estudo do processo e deferiu o benefício
-seguido por Adams.
O parecer foi para o Ministério do Planejamento. A pasta não se manifestou oficialmente sobre o assunto, mas a
Folha apurou que ela se posicionou contra a concessão
em 18 de novembro de 2009.
OUTRO LADO
Em nota, a AGU disse que
"o benefício concedido está
baseado no parecer da AGU
nº 1372/ 2010, que afirma ser
juridicamente possível o reconhecimento do direito do
servidor público à conversão
em pecúnia dos períodos de
licença-prêmio não usufruídos ou não computados para
fins de aposentadoria".
Questionado se benefícios
semelhantes foram concedidos a outros servidores, a
AGU informou que existia
"um substancial número de
processos judiciais relativos
a esse assunto", mas que ainda "não foi pago nenhum benefício dessa natureza", seja
"para a advogada aposentada Guiomar [Mendes], seja
para outros 20 servidores".
De acordo com a secretária-geral da AGU, Gildenora
Milhomen, o benefício foi
concedido para Guiomar
porque ela entrou com recurso administrativamente.
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