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Infraestrutura é área que tende a sofrer mais com modificações
DE SÃO PAULO
Considerada carente de investimentos, é a infraestrutura a principal área a ser prejudicada pelo esvaziamento
das agências reguladoras.
"Este governo não entendeu o papel das agências,
que não deve ser político. Deve ser técnico para manter o
equilíbrio entre concessionários, governo e consumidores", diz José Mascarenhas,
do Conselho de Infraestrutura da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
A principal consequência
do que ele chama de "deformação do conceito" é a criação de um ambiente de insegurança para investimentos.
Claudio Sales, presidente
do Instituto Acende Brasil,
"think tank" da área de energia, afirma que "decisões políticas que beneficiam os
consumidores no curto prazo
acabam comprometendo investimento mais à frente".
Ele critica o fato de a Aneel
(Agência Nacional de Energia Elétrica) permitir a participação de políticos em reuniões para definir tarifas de
energia -que, em última instância, financiam os novos
investimentos.
Em agosto, após "sustentação oral" do deputado federal Ciro Nogueira (PP-PI)
registrada em ata da Aneel,
foi fixado um valor bem menor do que o inicialmente
previsto para reajustar as tarifas da Cepisa (Companhia
Energética do Piauí).
O fato foi depois usado politicamente por Nogueira em
seu Estado.
Para o ex-presidente do
Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e
atual presidente da Sabesp,
Gesner Oliveira, a ação do governo tem sido "sistemática,
desde 2003, no sentido de enfraquecer as agências".
"Trata-se de uma intervenção branca. Sem autonomia
financeira e com recursos
contingenciados, elas se tornam "xerifes" sem armas."
Oliveira, ligado ao PSDB,
se diz particularmente preocupado com a falta de qualificação técnica dos diretores
e com a demora no preenchimento de suas vagas.
Nos últimos anos, a ANTT
ficou sem três de seus cinco
diretores por 22 meses. A Antaq (Agência Nacional de
Transportes Aquaviários),
sem nenhum diretor por cinco meses em 2006.
A ANA (Agência Nacional
de Águas), sem três dos cinco
diretores entre parte de 2003
e 2004. Houve ainda grandes
intervalos de vacância na
Anac (Agencia Nacional de
Aviação Civil) e na ANP.
Para José Ribamar Dias,
consultor da área de transportes e ex-vice-presidente
da ANUT (Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Carga), "o governo
Lula sempre deu a entender
que não estava confortável
com as agências".
"Na prática, querem que
elas sejam entidades do governo, e não de Estado", afirma Ribamar Dias.
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