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Dilma afirma que não sabia de lobby na Casa Civil, e Erenice alega ter sido traída
Candidata diz desconhecer denúncia que consultor declara ter enviado ao governo sobre esquema no ministério
Petista afirma não saber da participação de filho da ex-ministra; Erenice diz que põe o sigilo da família à disposição
MAURÍCIO SIMIONATO
ANA FLOR
DE CAMPINAS
A coordenação de campanha da candidata do PT à
Presidência, Dilma Rousseff,
afirmou ontem que ela não
sabia da existência de um esquema para facilitar interesses de empresas privadas na
Casa Civil, pasta que ela comandou até março.
Em entrevista coletiva em
Campinas (SP), a própria petista disse que não tomou conhecimento da denúncia que
o consultor Rubnei Quícoli
afirma ter enviado por e-mail
à Casa Civil, apontando a
existência desse esquema.
A empresa EDRB, da qual
Quícoli era consultor, afirmou que Israel Guerra, um
dos filhos da ex-ministra Erenice Guerra, cobrou dinheiro
para obter empréstimo no
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social).
Após a revelação, feita pela Folha na semana passada,
Erenice deixou no ministério.
"Não cheguei a tomar conhecimento [da denúncia de
lobby]. Agora, eu acho estarrecedor que se dê credibilidade a uma pessoa com aquele
currículo", disse Dilma.
Com duas condenações na
Justiça, Quícoli chegou a ficar preso cerca de dez meses.
Dilma também afirmou
que não sabia da participação de Israel em assuntos do
governo. "Não tinha nenhum
filho da Erenice na Casa Civil.
O que tinha lá eram amigos
dele [trabalhando]. Se esses
amigos cometeram delito, lamento a indicação deles. Lamento profundamente."
Ao lado de dois amigos, Israel é acusado de participar
de um esquema de facilitação de interesses privados na
Casa Civil, para intermediar
reuniões, viabilizar projetos
e liberar recursos públicos.
"Nunca, em tempo algum,
tive qualquer tipo de suspeita de irregularidade. Não vou
admitir que, por conta do
processo eleitoral, joguem
suspeitas sobre a minha conduta, a minha campanha ou
os meus atos públicos. Tenho
clareza que sou uma servidora pública", afirmou Dilma.
Ex-braço direito de Dilma,
Erenice disse em entrevista
em "IstoÉ" que foi traída pelo
assessor Vinícius Castro e defendeu seu filho da acusação
de tráfico de influência. "Terão todos que viver à minha
custa, pois não poderão trabalhar e se relacionar?".
Recém-exonerado, Vinícius é acusado de ser sócio
oculto de Israel na Capital
Consultoria, usada por eles
para intermediar negócios de
empresas com o governo.
Erenice negou ter recebido
representante da EDBR e afirmou que o sigilo fiscal da família está à disposição. "Meu
filho se chama Israel, não Veronica. Não sou o [tucano José] Serra, que briga para
manter o sigilo da filha".
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