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ANÁLISE
Nomeação ainda não define como será a política econômica
VINICIUS TORRES FREIRE
COLUNISTA DA FOLHA
Guido Mantega no comando do Ministério da Fazenda
do governo Dilma Rousseff
pode dar a impressão de que
tudo ficará como dantes no
quartel da economia, mas
ainda não é possível dizê-lo.
É agora possível dizer apenas que a presidente eleita
aprova mais uma política
Mantega do que uma política
Antonio Palocci. Mas não seria preciso ver Mantega reconduzido ao posto para afirmar tal coisa. Dilma entrou
em conflito com o paloccismo quando ainda ministra.
Mas a recondução do ministro diz muito pouco sobre
o futuro da política econômica de Dilma. A indefinição
permanecerá até a presidente eleita tomar a decisão, crucial, do que fará a respeito do
gasto federal. As demais políticas serão decorrência dessa
decisão, da qual depende o
futuro da taxa de juros, do
câmbio e do investimento.
Em segundo plano, mas
ainda importante, serão as
decisões sobre o comando do
Banco Central: nomes e modus operandi. Não se trata
apenas de saber se Henrique
Meirelles ficará na presidência do BC ou se será substituído pelo seu segundo, Alexandre Tombini, atual diretor de Normas. O nome apenas do novo presidente BC
também não diz muito.
Meirelles aos poucos mudou o modo de gerir o BC e de
escolher seus quadros. Em
seu "primeiro reinado", teve
diretores mais próximos do
mercado ou daquilo que se
entende como "economistas
padrão". No terço final do governo Lula, Meirelles nomeou diretores mais pragmáticos. Por determinação de
Lula, houve menos conflito
político entre BC e Fazenda.
Seja nomeado Meirelles,
Tombini ou um terceiro, importa muito saber que tipo de
pressão haverá do governo
sobre o BC e que tipo de coordenação haverá entre Fazenda e autoridade monetária.
E coerência na política
econômica foi coisa que quase inexistiu nos anos Lula, o
que custou caro ao país.
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