São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2010

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Refugiado, irmão diz que não pensa em voltar ao país

DANIEL RONCAGLIA
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER

DE SÃO PAULO

Irmão do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), Bruno José Daniel Filho, 57, afirmou que ainda é prematuro pensar em voltar a morar no Brasil, mesmo que todos os acusados sejam condenados.
Alvo de ameaças, ele conseguiu em 2006 refúgio político de oito anos na França. Professor de economia, levou a mulher e os três filhos.
"Não se desmontaram as coisas que funcionavam na política brasileira", disse em entrevista por telefone.
O refúgio o proíbe de visitar o Brasil. Por isso, Bruno espera o passaporte italiano, que o permitirá retornar.
O irmão do petista voltou a dizer que o atual chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, revelou a ele, na missa de sétimo dia de Celso Daniel, a existência do suposto esquema de corrupção para abastecer o PT em São Paulo.
"Em uma dessas vezes, foi levado ao José Dirceu, então presidente do partido, algo em torno de R$ 1,2 milhão", disse. Dirceu nega.
Bruno denunciou o suposto esquema durante a CPI dos Bingos, em outubro de 2005. Cinco meses depois, trocou o Brasil pela França.
O irmão do prefeito concordou com o promotor Francisco Cembranelli, que não vê condução política no caso para prejudicar o PT. Para Bruno, não é o partido que deve ser julgado.
"O assassinato se deu em contexto no qual havia membros importantes do PT."

"VÍTIMAS"
Gilberto Carvalho afirmou que tanto ele como seu partido são "vítimas, não réus".
"Perdemos um companheiro. [Celso Daniel] Seria sem dúvida um ministro no governo Lula", disse à Folha antes de embarcar para Roma, onde representará Lula em reunião no Vaticano.
Carvalho ressaltou que inquéritos da Polícia Civil não detectaram "conotação política", e sim crime comum. A conclusão, frisou, foi tomada na gestão de Geraldo Alckmin, adversário do PT.
Para ele, "os promotores nunca se conformaram com a tese [de crime comum]" e prometeram "vantagens" para que os presos depusessem contra a legenda. "Acusar o PT de não querer a verdade é uma covardia", disse.


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