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Ministro diz que governo não tem medo de greve
Servidores do Judiciário e policiais ameaçam parar caso não recebam reajuste
Para Paulo Bernardo,
é "inacreditável" votar projetos com impacto estimado em R$ 50 bi sem olhar Orçamento
FERNANDO GALLO
RACHEL BOTELHO
FELIPE LUCHETE
DE SÃO PAULO
O ministro Paulo Bernardo
(Planejamento) afirmou ontem que o governo não teme
as greves no Judiciário Federal e eventuais paralisações
das polícias em diversos Estados no começo do governo
Dilma Rousseff.
As duas categorias lutam
pela inclusão de aumentos
de salários no Orçamento
2011. Os servidores da Justiça
iniciaram anteontem paralisações em sete Estados.
A polícia ameaça parar
também caso a PEC 300, que
trata de reajuste salariais dos
policiais, não seja aprovada.
"Aqui ninguém tem medo
de greve. Surgimos na vida
fazendo greve. Então não temos problema em dialogar
com os trabalhadores", disse
Bernardo, que se diz contrário aos aumentos pelo alto
impacto no Orçamento.
O custo do plano de salários do Judiciário é estimado
em R$ 7 bilhões; o da PEC
300, em R$ 43 bilhões.
"Acho inacreditável votar
uma coisa que tem esse impacto sem olhar os orçamentos e se [os Estados] têm dinheiro para arcar com isso."
MÍNIMO
As seis principais centrais
sindicais querem criar uma
exceção para o cálculo do salário mínimo de 2011.
O argumento é a crise financeira internacional, que
fez com que o PIB brasileiro
ficasse próximo de 0% em
2009. O cálculo do mínimo
leva em consideração a inflação do ano anterior ao do reajuste e o PIB de dois antes.
As centrais querem utilizar
o PIB de 2010 e não o de 2009
no cálculo. Bernardo diz ver
com ceticismo a proposta. "É
muito arriscado usar o PIB
deste ano. Pode gerar uma
série de disputas judiciais."
Os trabalhadores desejam
o mínimo a R$ 580 em 2011. O
governo fala em R$ 540.
POLÍCIA
Representantes da Polícia
Militar de 23 Estados vão à
Câmara dos Deputados, na
próxima terça-feira, para cobrar a votação da PEC 300.
Caso a reivindicação seja
negada, há uma "disposição
grande" para iniciar uma
greve, afirma Leonel Lucas,
presidente nacional da Associação de Cabos e Soldados
da Polícia Militar e Bombeiros Militares do Brasil.
"Aliados do governo prometeram que, se a Dilma ganhasse a eleição, a PEC seria
votada ainda neste ano, mas
agora estão enrolando."
A categoria defende um piso nacional de R$ 3.500 -valor bem acima dos atuais R$
1.150 e R$ 1.200 pagos, respectivamente, no Rio Grande
do Sul e no Rio de Janeiro.
Se a medida for aprovada
no Congresso, caberá ao Executivo criar um fundo destinado a Estados incapazes de
arcar com a despesa extra.
O governo de Mato Grosso
do Sul afirma que a aprovação da PEC pode prejudicar o
cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Em Minas, o governo calcula um impacto de R$ 2,6 bilhões ao ano no orçamento.
Colaboraram RODRIGO VARGAS , de
Cuiabá, e RODRIGO VIZEU , de Belo
Horizonte
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