São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 2011

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Economia ainda está aquecida, diz BC

Em abril, foram recolhidos R$ 85 bi em impostos federais, um recorde para o mês; alta foi de 19% ante março

Previsão da Receita é que arrecadação cresça 10% em 2011, em ritmo igual ao de 2010; BC não descarta novas ações

LORENNA RODRIGUES
DE BRASÍLIA

FÁBIO GUIBU
DE SÃO PAULO

No mesmo dia em que a Receita Federal divulgou arrecadação de tributos recorde em abril, sinalizando uma economia ainda aquecida, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, disse que a desaceleração até agora ainda não é suficiente.
O resultado da arrecadação contrariou as estimativas do próprio BC, que esperava que os dados já apontassem um pé no freio da atividade.
Ontem, o diretor do BC afirmou que a economia vai ter crescimento menor a partir do segundo semestre, quando os efeitos das ações já tomadas - como restrição ao crédito e alta da taxa básica de juros- se espalharem.
"Certamente a economia está andando em um ritmo menor do que estava no ano passado, isso é um ponto. Uma outra pergunta é o seguinte: isso é suficiente? A minha resposta é não", declarou Araújo, durante divulgação do boletim de indicadores regionais do BC.
No mês passado, foram recolhidos R$ 85,2 bilhões em impostos federais, 10,4% a mais do que em abril de 2010. Trata-se de um recorde para o mês. Em relação a março, a alta foi de 19,04%.
Mas a Receita afirma que o ritmo do pagamento de tributos já começa a arrefecer, principalmente aqueles ligados ao faturamento e ao lucro das empresas. Isso, na visão do governo, sinalizaria redução do crescimento.
Em abril, o pagamento do PIS/Pasep, por exemplo, feito pelas empresas para financiar o seguro-desemprego, cresceu 7,5%, contra 12% no mês anterior.
"É [um desempenho] mais modesto em relação aos primeiros resultados do ano, que foram muito fortes", afirmou o secretário da Receita, Carlos Alberto Barreto.
De janeiro a abril, o recolhimento de impostos aumentou 1,5%; no primeiro bimestre subiu 13%.
A previsão do secretário é que a arrecadação cresça 10%, como no ano passado.
Para o economista da consultoria Tendências Felipe Salto, o aumento no recolhimento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) contribuiu para o resultado.
O tributo teve a alíquota elevada no crédito para pessoa física e em captações feitas no exterior.
Depois das medidas do governo a partir de março, o pagamento do tributo saltou 25,8% em abril.
Ele, no entanto, diz que a economia ainda está aquecida. E alerta para o risco de que a arrecadação maior dê espaço para o governo gastar, pressionando a inflação.
O diretor do BC disse que, se necessárias, novas ações serão tomadas. "Se nós, ao avaliarmos as questões prudenciais, identificarmos a necessidade de novas ações, elas serão tomadas como sempre foram", disse.


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