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Economia ainda está aquecida, diz BC
Em abril, foram recolhidos R$ 85 bi em impostos federais, um recorde para o mês; alta foi de 19% ante março
Previsão da Receita é que arrecadação cresça 10% em 2011, em ritmo igual ao de 2010; BC não descarta novas ações
LORENNA RODRIGUES
DE BRASÍLIA
FÁBIO GUIBU
DE SÃO PAULO
No mesmo dia em que a
Receita Federal divulgou arrecadação de tributos recorde em abril, sinalizando uma
economia ainda aquecida, o
diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos
Hamilton Araújo, disse que a
desaceleração até agora ainda não é suficiente.
O resultado da arrecadação contrariou as estimativas
do próprio BC, que esperava
que os dados já apontassem
um pé no freio da atividade.
Ontem, o diretor do BC
afirmou que a economia vai
ter crescimento menor a partir do segundo semestre,
quando os efeitos das ações
já tomadas - como restrição
ao crédito e alta da taxa básica de juros- se espalharem.
"Certamente a economia
está andando em um ritmo
menor do que estava no ano
passado, isso é um ponto.
Uma outra pergunta é o seguinte: isso é suficiente? A
minha resposta é não", declarou Araújo, durante divulgação do boletim de indicadores regionais do BC.
No mês passado, foram recolhidos R$ 85,2 bilhões em
impostos federais, 10,4% a
mais do que em abril de 2010.
Trata-se de um recorde para
o mês. Em relação a março, a
alta foi de 19,04%.
Mas a Receita afirma que o
ritmo do pagamento de tributos já começa a arrefecer,
principalmente aqueles ligados ao faturamento e ao lucro das empresas. Isso, na visão do governo, sinalizaria
redução do crescimento.
Em abril, o pagamento do
PIS/Pasep, por exemplo, feito pelas empresas para financiar o seguro-desemprego,
cresceu 7,5%, contra 12% no
mês anterior.
"É [um desempenho] mais
modesto em relação aos primeiros resultados do ano,
que foram muito fortes", afirmou o secretário da Receita,
Carlos Alberto Barreto.
De janeiro a abril, o recolhimento de impostos aumentou 1,5%; no primeiro bimestre subiu 13%.
A previsão do secretário é
que a arrecadação cresça
10%, como no ano passado.
Para o economista da consultoria Tendências Felipe
Salto, o aumento no recolhimento do IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras) contribuiu para o resultado.
O tributo teve a alíquota
elevada no crédito para pessoa física e em captações feitas no exterior.
Depois das medidas do governo a partir de março, o pagamento do tributo saltou
25,8% em abril.
Ele, no entanto, diz que a
economia ainda está aquecida. E alerta para o risco de
que a arrecadação maior dê
espaço para o governo gastar, pressionando a inflação.
O diretor do BC disse que,
se necessárias, novas ações
serão tomadas. "Se nós, ao
avaliarmos as questões prudenciais, identificarmos a
necessidade de novas ações,
elas serão tomadas como
sempre foram", disse.
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