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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
PV de SP cobra "pedágio" de candidatos a deputado
Homens precisam pagar R$ 5.000 para concorrer, e mulheres, R$ 2.500
Funcionária do partido diz que pagamento deve ser em cheque e à vista; arrecadação com taxa chegaria a R$ 1,02 mi
BERNARDO MELLO FRANCO
EDUARDO OHATA
DE SÃO PAULO
O PV impôs um pedágio
aos filiados que vão disputar
vagas de deputado estadual
ou federal pelo partido em
São Paulo. Homens têm de
pagar R$ 5.000, e mulheres,
R$ 2.500 para concorrer.
Segundo relatos feitos à
Folha, a taxa foi exigida aos
240 candidatos oficializados
ontem, na convenção estadual do partido. A presidenciável Marina Silva foi a estrela da festa.
A sigla apresentou chapa
com 168 homens e 72 mulheres. Se todos tiverem pago, o
valor arrecadado chega a
R$ 1,02 milhão.
O pedágio foi cobrado nos
últimos dias no Diretório Estadual do PV, na Vila Mariana. A reportagem esteve no
local anteontem e, sem se
identificar, perguntou o que
era necessário para inscrever
uma candidata.
Em conversa gravada,
uma funcionária do partido
chamada Anna informou os
valores e deixou claro que a
taxa era obrigatória. "É geral. Todos os homens e todas
as mulheres pagaram isso".
(Leia o diálogo ao lado.)
Ela forneceu uma lista de
documentos exigidos, como
cópias de RG e CPF. À mão,
escreveu o telefone do secretário estadual de organização da sigla, Alexandre Bissoli, a quem deveria ser entregue a "contribuição".
A funcionária avisou que
o pagamento só poderia ser
feito em cheque e à vista:
"Parcelar, não tem como.
Mas eu seguro [o cheque]".
Ela ainda brincou com o
desconto para as mulheres:
"Viu como é bom ser mulher? Mas se ela quiser pagar
R$ 5.000, pode pagar".
COMPULSÓRIO
O presidente estadual do
PV, Maurício Brusadin, disse
que a taxa era opcional, para
candidatos interessados em
receber suporte do partido.
"Como a gente poderia falar de ética e fazer isso? Se só
dou legenda a quem pagar,
estou trocando o critério político pelo financeiro", disse.
Quatro candidatos confirmaram à Folha que foram
obrigados a pagar a taxa.
"Não tinha como não pagar", afirmou a recepcionista
Dora Ribeiro, que tenta vaga
na Assembleia Legislativa.
Moradora de Itaquera (zona leste), ela disse ter entregue o dinheiro anteontem,
sem ouvir promessa de contrapartida. "O dinheiro entrou mais como doação ao
partido", disse ela, que
achou o valor "salgado".
Candidato a deputado estadual, Cleverson Alves da
Silva contou ter sido avisado
de que o pagamento era obrigatório para obter legenda.
"Me passaram que é
R$ 5.000 para homem. Mas
não sei se a minha assessoria
já mandou pagar", disse.
Os candidatos Walter Felix
(federal) e Maria Luzia Cassimira (estadual) também confirmaram a cobrança.
Segundo técnicos da Procuradoria Regional Eleitoral,
a lei não prevê pagamento
em troca do registro de candidatura. O órgão analisa os casos individualmente e, se
constatar abusos, pode eventualmente denunciar os partidos à Justiça Eleitoral.
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