São Paulo, quarta-feira, 20 de julho de 2011

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ANÁLISE

Aquecimento do mercado de trabalho preocupa especialistas

EXISTE UM LIMITE PARA A QUEDA DO DESEMPREGO A PARTIR DO QUAL AS CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS SUPERAM AS POSITIVAS

ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

Ótimo para trabalhadores, difícil para empresas, preocupante para economistas.
É mais ou menos dessa forma que o aquecimento do mercado de trabalho brasileiro tem sido vivido atualmente por diferentes grupos (embora a generalização peque em alguns aspectos pelo simplismo).
Profissionais dizem se surpreender com a abundância de ofertas de emprego, sustentada por forte recuperação de investimentos nos últimos anos. Empresas relatam dificuldades para contratar mão de obra.
Parece raciocínio perverso atribuir tom de preocupação a esse cenário, em que cada vez menos gente padece pela falta de emprego e em que a renda sobe.
Mas há uma explicação econômica razoável que justifica a cautela. Existe um limite para a queda da taxa de desemprego a partir do qual as consequências negativas superam as positivas.
Esse piso é atingido mais ou menos quando, para atender a demanda da população por bens e serviços, as empresas começam a ter que contratar por salários cada vez mais altos profissionais muito pouco qualificados e ineficientes.
Chega a um ponto em que a situação se traduz em um aumento de custos tão elevado que começam a ser repassados aos preços. O resultado é inflação mais alta.
Há economistas que temem que o Brasil esteja passando por um momento assim. Mas esse temor não é sinônimo de certeza.
É difícil auferir essa taxa de desemprego "mínima", de equilíbrio. Pior ainda no caso do Brasil.
Faltam por aqui séries longas de dados confiáveis, e o retrato mensal do emprego no país é feito a partir de estatísticas de apenas seis regiões metropolitanas.
Tudo indica que, salvo uma nova e forte recessão global, o ciclo de investimentos no Brasil continuará forte (as obras necessárias para os eventos esportivos que vêm pela frente ajudam a sustentar essa hipótese).
Com isso, é possível que o desemprego recue ainda mais, o que pode aumentar o risco para o cenário de inflação no país.
Essa situação pode se traduzir em ganhos ou perdas para o governo com eleições municipais à vista (em outubro de 2012).
Se prevalecer a sensação de bem-estar e estabilidade, aumentam as chances de ganhos. Se a inflação disparar, crescem os riscos de perdas.


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