São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2011

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Incerteza com crise global faz dólar subir com força

Cotação da moeda americana é a maior desde julho de 2010 e se aproxima de R$ 1,80

Medidas do governo ajudam a reverter valorização do real, mas duração do efeito é considerada incerta

MARIANA SCHREIBER

DE SÃO PAULO

ÁLVARO FAGUNDES
VERENA FORNETTI

DE NOVA YORK

Tensões provocadas pelas incertezas em relação à crise na Europa e as medidas adotadas pelo governo brasileiro ao longo do ano para segurar a valorização do real fizeram o dólar subir com força nas últimas duas semanas.
Ontem, a moeda americana voltou a se valorizar intensamente no Brasil, atingindo a maior cotação desde julho de 2010. Ao longo do dia, foi negociada a R$ 1,80 e fechou a R$ 1,78, com alta de 2,71%.
A preocupação com um possível calote da Grécia -e seus efeitos sobre os bancos europeus- tem aumentado em todo o mundo a procura por dólar, tido como alternativa segura de investimento.
O movimento está provocando a desvalorização de várias moedas. Mas o real é a que mais caiu entre as 16 principais divisas do mundo desde o final de agosto.
Desde o início do mês, o real perdeu 11,57% ante o dólar. O rand sulafricano e o franco suíço vêm em seguida, com piores desempenhos.
Segundo o economista Nathan Blanche, sócio da Tendências Consultoria, o que intensificou a queda do real foram as medidas de intervenção no câmbio. Nos últimos meses, o governo restringiu a entrada de dólares no país, elevando impostos sobre empréstimos e investimentos. Além disso, a redução nos juros tornou as aplicações de investidores estrangeiros no Brasil menos atrativas.

EXPECTATIVAS
Apesar da alta do dólar nos últimos dias, a expectativa da maioria dos economistas é de que as autoridades europeias evitarão um calote grego. Se a crise for contornada, a desvalorização de outras moedas será contida.
Ainda assim, o dólar não deve voltar à casa de R$ 1,50- em julho, caiu a R$ 1,537, menor valor em 12 anos.
Estimativas de analistas, divulgadas ontem pelo boletim Focus, do BC, mostram que as apostas estão em torno R$ 1,65 no fim do ano.
A indústria comemora a alta do dólar, mas considera que ela só elevará a competitividade do produto brasileiro se for duradoura. "Espirros cambiais não ajudam", disse o diretor da Fiesp Roberto Giannetti.
O impacto para a inflação é inevitável, dizem economistas. A tendência dos importadores é reajustar preços de produtos comprados mesmo antes da recente alta do dólar. "Eles querem se capitalizar para o caso de terem que pagar mais caro pelas próximas importações", explicou o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto Castro.
O economista Gilberto Braga, do Ibmec-RJ, sugere a quem pretende viajar ao exterior que espere, já que a expectativa é de que o dólar volte a cair.


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