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Aliado incômodo
Prefeito de Duque de Caxias e principal cabo eleitoral de Serra no Rio, Zito diz que só um erro de Dilma vira a eleição; para ele, PSDB perde ao atacar a presidenciável
ELVIRA LOBATO
DO RIO
Um tipo caboclo, de 1m89
de altura, conduz 15 mil pessoas pelas ruas do centro de
Duque de Caxias, em uma caminhada pró-José Serra, que
chega para o evento com
quase três horas de atraso.
O tipo é o presidente do
PSDB no Estado do Rio e prefeito de Duque de Caxias
(município de 872 mil habitantes, na Baixada Fluminense), José Camilo Zito, 57,
conhecido como o "rei da
Baixada".
Ele é o principal cabo eleitoral do presidenciável no Estado e o único prefeito fluminense a investir na campanha. De microfone em punho, conduz a massa pelas
ruas em ritmo de funk, uma
herança dos tempos da juventude, quando foi dono do
Zito's Club, uma casa popular de dança, em Caxias.
A caminhada aconteceu
no dia 21 de agosto (foi a segunda do mês que ele organizou para Serra na cidade),
mas Zito continua com o
atraso de Serra entalado na
garganta, a ponto de incluir a
impontualidade do candidato entre os problemas da
campanha.
O apelido de "rei da Baixada" surgiu na eleição municipal de 2000, quando Zito se
reelegeu, no primeiro turno,
com 81% dos votos, e fez a
então mulher, Narriman,
prefeita de Magé, e o irmão
Waldir Zito, prefeito de Belford Roxo (dois municípios
da Baixada). Ele está no terceiro mandato como prefeito
de Duque de Caxias.
Queria, com a caminhada
no município, mostrar que
reuniria mais gente na Baixada para ver Serra do que o PT
reunira para Dilma no primeiro comício de campanha
com a presença do presidente Lula, na Candelária (centro do Rio), em julho, que teve 6.000 pessoas.
No entanto, por causa do
atraso, Serra pouco viu da
manifestação em Caxias.
ANTIDENÚNCIAS
Zito se mostra cético sobre
a possibilidade de reviravolta no quadro eleitoral. Diz
que só um escorregão de Dilma inverteria o jogo na atual
situação.
"Houve um candidato, em
Caxias, nos anos 80, que estava com a eleição certa. Aí,
começou a circular que ele
não gostava de preto nem de
pobre, e que lavava as mãos
com desinfetante quando
cumprimentava um deles.
Perdeu a eleição. Só uma coisa assim pode virar o jogo para o Serra", afirma Zito.
"Não adianta aparecer denúncia contra a Dilma, porque o eleitor não quer saber
de denúncias", diz.
Para ele, o PSDB errou ao
fazer acusações a Dilma no
horário eleitoral. Zito acha
também que o partido não
deve usar os recentes escândalos envolvendo a ex-braço
direito da candidata Erenice
Guerra.
"Se eu fosse candidato,
não partiria para ataques. O
povo não entende e não aceita. Não reconheci o Serra no
debate na RedeTV!. Ele deixou de lado os predicados,
que fizeram dele um dos melhores governadores do
país", afirmou.
A escolha do deputado federal Indio da Costa (DEM-RJ) para vice, na avaliação de
Zito, foi outro erro da campanha, por ele ser jovem demais. Insinuou que sua filha,
Andréia Zito, teria sido escolha mais sensata.
Embora afirme que vai trabalhar para a eleição de Serra
"até o 45º minuto do segundo tempo", não acredita que
seus votos em Caxias serão
transferidos para ele.
"Vai ser muito difícil
[transferir os votos] para o
Serra. Não houve ajuda [da
direção nacional], e a campanha no Estado custou a deslanchar. Só agora recebemos
o material de divulgação."
Questionado se Serra teria
perdido o norte da campanha, responde: "Espero que
o encontre".
Zito diz que poderia ser um
contraponto para Lula na
campanha de Serra, e que foi
subutilizado. Afirma que
propôs ao partido afastar-se
da prefeitura, por dois meses, para se dedicar à campanha, mas não responderam à
sua oferta.
"Como Lula, nasci no interior de Pernambuco, e, com
um ano de idade, viajei 12
dias, com meus pais, em pau-de-arara, até chegar a Duque
de Caxias. Fui feirante, carroceiro e guarda municipal.
Sou um nordestino vencedor, campeão de votos", diz
ele, deixando escapar a frustração com a campanha que
ainda não terminou.
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