São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Cobertura da imprensa beira o ódio , diz Lula

Presidente volta a criticar mídia e afirma que liberdade é sagrada, mas não significa "inventar coisas o dia inteiro"

Para petista, jornalistas ainda não perceberam que o povo não é mais "massa de manobra como era há 30 anos"

Ricardo Stuckert/PR
Lula em visita a fábrica de dormentes no Tocantins; ele participou de inauguração de trecho da ferrovia Norte-Sul no Estado

RODRIGO VARGAS
ENVIADO A PORTO NACIONAL (TO)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em discurso no Tocantins que considera "sagrada" a liberdade de imprensa, mas que isso não significa o direito a "inventar coisas o dia inteiro".
Segundo o presidente, que ontem esteve em Porto Nacional (59 km de Palmas) para inaugurar um trecho de 256 km da ferrovia Norte-Sul, a imprensa tem a liberdade para "informar corretamente a opinião pública" e "fazer críticas políticas".
No sábado, o presidente já havia dito em comício da candidata do PT Dilma Rousseff, em Campinas (no interior de São Paulo), que iria "derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partidos políticos".
Ontem, Lula afirmou que a cobertura da imprensa "às vezes chega a beirar o ódio."
"Vocês estão acompanhando a imprensa, vocês veem pela internet, assistem na pela televisão, vocês ouvem rádio. Eles ficam torcendo desde o começo para o Lula fracassar. [Pensam:] esse peão não pode dar certo, porque senão nós estamos desgraçados", disse.

"COISA SAGRADA"
Segundo o presidente, quando falam mal dele e ele está de fato errado, dá a mão à palmatória" porque "a liberdade de imprensa é uma coisa sagrada" para fortalecer a democracia no país.
"Agora, a liberdade de imprensa não significa que você possa inventar coisas o dia inteiro. [...] Significa que você tem a liberdade de informar corretamente a opinião pública, para fazer críticas políticas, e não o que a gente assiste de vez em quando."
Ainda em referência à imprensa, Lula disse que já foi "vítima do que está acontecendo hoje".
"O que eles não percebem é que nós aprendemos. O que eles não percebem é que o povo de 2010 não é mais massa de manobra como era há 30 anos", afirmou.
De acordo com ele, o povo sabe quando tentam mistificar coisas. "Não tem mais aquele negócio de que, se deu na TV, é verdade."
O presidente comparou ainda a cobertura da imprensa local com a da estrangeira. Segundo ele, "não tem uma revista estrangeira que não tenha capa elogiando a economia, a agricultura e o governo brasileiro".
"Seja francesa, inglesa, italiana, alemã. Eu não entendo nada do que está escrito. É só palavra chique e eu acho bonito. Agora, daqui eu entendo tudo e percebo como tem às vezes má-fé."
No evento, o presidente citou também a oferta de ações da Petrobras, prevista para ocorrer nesta semana. Falou que será feita "a maior capitalização que o mundo capitalista já conheceu".
Saudado como idealizador da ferrovia Norte-Sul, o senador José Sarney (PMDB-AP) também foi à inauguração e disse que Lula, com seu governo, está se inscrevendo "no altar dos maiores brasileiros de todos os tempos".
"Sou o mais antigo político brasileiro. Assisti a tudo passar, mas nunca vi um presidente como Lula", afirmou o presidente do Senado.


Texto Anterior: Marco Antonio Villa: A cara do cara
Próximo Texto: Frases
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.