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Após críticas à Folha, candidata é aconselhada a moderar o tom
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao acusar anteontem a Folha de "parcialidade", Dilma
Rousseff fez um desabafo
que não constava do roteiro
de sua candidatura. Já as críticas do presidente Lula à
imprensa são parte da estratégia do PT para evitar um
eventual segundo turno.
Para o governo e a campanha, Dilma adotou um tom
muito agressivo, que pode
ser lido como falta de equilíbrio e cansaço, além de destoar da imagem suave vendida na campanha.
A candidata foi aconselhada a evitar novas críticas desferidas nesse tom.
Na opinião da campanha,
a Folha e veículos da chamada "grande imprensa" estariam agindo para forçar um
segundo turno na eleição
presidencial em benefício do
segundo colocado na disputa, o tucano José Serra.
A avaliação decorre do
agravamento do caso de quebra de sigilo na Receita e ganhou força com reportagens
da Folha e de outros veículos
que culminaram na saída de
Erenice Guerra da Casa Civil.
A estratégia petista em relação à imprensa é que o presidente entre em cena para
fazer, nas palavras de um auxiliar direto, "fogo de encontro". Como não é candidato,
Lula aproveita sua popularidade para comprar brigas diretas e preservar Dilma.
Foi o que ele fez em Campinas, no último sábado, quando disse que derrotaria "alguns jornais e revistas que se
comportam como se fossem
um partido político".
No dia anterior, em Juiz de
Fora (MG), disse que "alguns
jornais" não são neutros e
deveriam assumir "as cores
do partido que defendem".
Em conversa reservada anteontem, Lula disse que enfrentou um segundo turno
em 2006 porque a imprensa
de modo geral, e a Rede Globo em particular, teriam feito
uma cobertura muito negativa de sua campanha.
Ele disse que "não permitiria" que isso se repetisse.
Dilma, por sua vez, acusou
a Folha de "má-fé" devido a
reportagem sobre auditorias
do Tribunal de Contas do RS,
entre 1991 e 2002, em suas
contas na Secretaria de Minas e Energia e na Fundação
de Economia e Estatística.
A candidata negou ter favorecido uma empresa, como apontou uma das auditorias, e acusou a Folha de não
registrar a aprovação de suas
contas pelo tribunal. As informações, porém, constam
do texto principal, do "Outro
Lado" e do infográfico que
ilustrou a reportagem.
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