São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 2011

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BC prepara medidas para restringir crédito

No Senado, presidente da instituição diz que expansão dos empréstimos está acima do que ele "gostaria de ver"

Alexandre Tombini afirma que inflação começará a baixar nos próximos meses e que é preciso "sangue frio"

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

O Banco Central sinalizou que o governo deve adotar novas medidas para obrigar os bancos a reduzirem o ritmo de expansão do crédito, um dos principais combustíveis do crescimento da economia e da inflação.
A expansão atual de 20% dos empréstimos está acima do que o BC "gostaria de ver", algo entre 10% e 15% ao ano, segundo o presidente do BC, Alexandre Tombini.
A forte entrada de dólares no país, que preocupa o setor exportador, é vista pelo BC como um dos fatores que alimentam essa "expansão preocupante" do crédito, já que significa injeção de recursos na economia.
Durante audiência no Senado, Tombini afirmou que já entraram no país quase US$ 34 bilhões, 40% além do verificado em todo o ano de 2010, valor que não foi integralmente retirado do mercado pelas intervenções do BC.
É para conter esses "excessos e distorções", segundo o BC, que o governo vem adotando desde dezembro medidas como restrições ao crédito, além de dois aumentos na taxa básica de juros.
Tombini disse que essas medidas, e outras que virão, ainda não foram totalmente sentidas, mas serão suficientes para reduzir a inflação nos próximos meses.
O presidente do BC foi questionado sobre a pesquisa Datafolha publicada ontem. O levantamento revela que 41% da população acha que a inflação vai aumentar, e 42% acham que ela continuará alta como está.
"Tem de ter tranquilidade. Há defasagem no que se faz aqui. É sangue frio, é fazer mais para chegar com a inflação na meta em um futuro próximo", disse Tombini.
Ele afirmou que a inflação não subiu só por conta do preço dos alimentos. Há um "descompasso" entre oferta e demanda no país, que gera pressões inflacionárias. Tombini deu como exemplo o uso da capacidade produtiva, que se encontra estável, porém em patamar elevado.
Há também falta de mão de obra em vários setores e reajustes salariais acima da inflação e dos ganhos de produtividade, o que "adiciona pressão sobre preços".
Novos dados do BC também mostram que houve redução na especulação com o dólar nas últimas semanas, período em que a cotação da moeda voltou a subir.
Os bancos reduziram em 60% as apostas contra o dólar, para menos de US$ 7 bilhões, abaixo do teto fixado pelo BC para valer a partir de abril. A queda significa que as instituições voltaram a comprar moeda estrangeira.


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