São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 2011

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Analistas reduzem confiança em ajuste fiscal do governo

Em pesquisa feita pelo Banco Central, mercado prevê que poupança será de 2,7% do PIB; meta oficial é 2,9%

Apesar de cortar R$ 50 bilhões nas despesas do Orçamento, presidente manteve brechas que podem inflar números

GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA

Ao invés de aumentar, a confiança de analistas e investidores no cumprimento das metas do ajuste fiscal prometido pelo governo Dilma Rousseff caiu após o anúncio do bloqueio de R$ 50 bilhões em despesas programadas para este ano.
O dado consta da pesquisa permanente feita pelo Banco Central a respeito das expectativas de bancos, empresas de consultoria e outros setores para os resultados da economia. As projeções para as contas públicas, porém, não fazem parte dos resultados apresentados semanalmente ao público.
Pressionada pelas perspectivas de alta da inflação, a equipe econômica divulgou na segunda semana de fevereiro a dimensão do corte a ser promovido no Orçamento. No entanto, só no final do mês passado o governo conseguiu detalhar a medida.
Entre um ato e outro, a tentativa de impressionar o mercado teve efeito inverso: esperava-se, desde o final da campanha eleitoral de 2010, que os governos federal, estaduais e municipais conseguissem poupar o equivalente a 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB, ou a soma de bens e serviços da economia); agora, a previsão é de 2,7%.
Trata-se de uma diferença de R$ 4 bilhões, o suficiente para manter a Câmara dos Deputados por um ano. Mais relevante que o valor, no entanto, é a dificuldade da administração petista em recuperar a credibilidade da política fiscal.
As projeções dos especialistas já estavam abaixo da meta fixada para 2011, um superavit primário -diferença entre a arrecadação e as despesas com pessoal, custeio administrativo, programas sociais e investimentos- de 2,9% do PIB.
Expectativas para os gastos públicos influenciam as projeções sobre a inflação, que por sua vez influenciam as decisões imediatas dos empresários sobre os preços cobrados pelas mercadorias e serviços.
Depois de negar a necessidade da medida nos tempos de candidata, a presidente Dilma promoveu o corte no Orçamento com o compromisso de atingir a meta sem a ajuda de manobras contábeis e brechas legais.
Estão mantidas na lei, no entanto, todas as possibilidades de abatimento da meta fiscal. Elas têm permitido ao governo driblar desde 2009 os ajustes anunciados.


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