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ANÁLISE
Escândalo e candidata do PV aquecem disputa
No mesmo período de 2006, quando houve 2º turno, diferença de Lula para demais candidatos era maior que a atual
DIFERENTEMENTE DO QUE ACONTECEU EM LEVANTAMENTOS ANTERIORES, O TUCANO ATÉ SE BENEFICIA [ENTRE OS ELEITORES DE MAIOR RENDA], MAS É A CANDIDATA DO PV QUE DEMONSTRA MAIOR ALCANCE
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MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
Pela primeira vez em dois
meses, Dilma apresenta revés na campanha. Os resultados divulgados hoje pelo Datafolha indicam interrupção
do crescimento da vantagem
que a petista vinha imprimindo a seus adversários
desde que assumiu a liderança no início de agosto.
A tendência reflete não só
o prejuízo sofrido pela candidatura do governo após denúncias de tráfico de influência na Casa Civil, a consequente demissão de Erenice
Guerra, como também a evolução de Marina Silva para
segmentos menos elitizados
do eleitorado.
Aproximadamente metade dos brasileiros tomou conhecimento da queda de Erenice. Poucos são os que se
julgam bem informados sobre o fato.
A exemplo do que aconteceu com a quebra do sigilo
fiscal de familiares de José
Serra, o episódio atingiu sobretudo estratos típicos da
classe média -os mais escolarizados e de maior renda.
Nesses subconjuntos, diferentemente do que ocorreu
em levantamentos anteriores, o tucano até se beneficia,
mas é a candidata do PV que
demonstra maior alcance.
Marina cresce novamente
entre os que têm nível superior e que ganham mais de
cinco salários mínimos, mas
sobe também entre os que
têm ensino médio e faixa de
renda intermediária (de dois
a cinco salários). Tais estratos têm maior peso na composição do eleitorado.
Com as oscilações positivas de Serra e Marina, e a variação negativa de Dilma, o
saldo é uma queda de cinco
pontos percentuais na diferença que a petista mantinha
sobre a soma dos demais
candidatos.
A vantagem que há uma
semana era de 12 pontos percentuais caiu para 7 pontos.
O parâmetro é importante
porque indica a probabilidade de a disputa ir para o segundo turno ou terminar já
no dia 3 de outubro.
Quanto menor a diferença
entre o líder das intenções de
voto e os outros candidatos,
maior a probabilidade de segundo turno.
Apenas para ilustrar a importância do dado, vale a observação da curva da diferença entre Lula e a soma dos
outros candidatos na disputa
pela reeleição em 2006.
Em pesquisa realizada em
22 de setembro daquele ano,
a vantagem de Lula para os
demais era de oito pontos
percentuais. Na pesquisa seguinte, antes do último debate, na TV Globo, a distância
caiu para cinco pontos.
Na véspera da eleição, sem
participar do programa, o petista viu sua taxa de intenção
de voto cair para 46% e a de
seus adversários somar também 46%.
Em 2006, a eleição foi para
o segundo turno, mas nada
garante que em 2010 a história se repita. O cenário e o
ambiente são outros. A candidata também. E há ainda
os debates.
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