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Estudante acusa ministro do STJ de agressão
Estagiário afirma que presidente da corte o demitiu sem justa causa e teria arrancado crachá de seu pescoço
Assessoria do tribunal diz que Pargendler irá se manifestar depois de amanhã sobre o caso porque está em viagem
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
Um estudante de administração prestou queixa anteontem contra o presidente
do STJ (Superior Tribunal de
Justiça), Ari Pargendler, dizendo ter sido vítima de
agressão física e moral.
No boletim de ocorrência
registrado na 5ª delegacia da
Polícia Civil do DF, conforme
revelou o Blog do Noblat,
Marco Paulo dos Santos, 24,
estagiário do tribunal até terça-feira, disse que foi demitido por Pargendler, sem justa
causa, enquanto esperava na
fila de uma agência do Banco
do Brasil no STJ.
A assessoria do tribunal
afirmou que Pargendler estava ontem em Porto Alegre e
que falará com a imprensa na
segunda-feira, porque ele
não concede entrevistas por
telefone. A Folha questionou
o que motivou a demissão,
mas o STJ não respondeu.
O delegado Laércio Rossetto enviou o caso para o Supremo Tribunal Federal, onde Pargendler tem prerrogativa de foro privilegiado.
À Folha Marco Paulo relatou o que disse ter vivenciado: "Eu fui ao banco depositar um cheque e me dirigi para um caixa vazio, mas fui
abordado por um agente, explicando que apenas um caixa funcionava", afirmou.
"O terminal estava ocupado por um senhor que até então eu não sabia quem era.
Fiquei esperando na faixa
que delimita a distância, pois
ali é uma zona de passagem e
não poderia ficar mais atrás."
Ele afirmou que Pargendler teria olhado para ele e dito: "Quer sair daqui?". O estudante disse que explicou,
"com toda a educação", que
estava na faixa de espera.
"Em tom autoritário, ele
mandou eu sair de onde eu
estava, como eu não saí, ele
se apresentou: "Sou Ari Pargendler, presidente do STJ, e
você está demitido. Isso aqui
para você acabou"."
Segundo o estudante, Pargendler puxou o crachá dele
para saber seu nome e chegou a arrancá-lo de seu pescoço. "Como sou mais alto
que ele, tive que me abaixar
para isso", disse.
Uma hora depois, de acordo com o ex-estagiário, chegou a carta com a sua demissão e um suposto aviso de
que havia cometido uma
"falta gravíssima de respeito", mas que o ocorrido não
seria registrado.
"Era só o que me faltava
mesmo, ser demitido dessa
forma e ainda sair do estágio
com a ficha suja".
Marco Paulo conta que se
sentiu "agredido tanto fisicamente como moralmente", e
"humilhado" pela forma como foi demitido.
"Foi uma falta de respeito
tremenda. Uma audácia.
Ainda mais por ser o presidente de um tribunal superior, de quem se espera toda
classe e elegância. Pelo contrário, ele dá o pior exemplo
possível, usando sua autoridade em benefício próprio",
disse o estudante.
Ele indicou como testemunha a estudante de direito
Fabiane Cadete, que teria
presenciado a cena. A Folha
ligou para o celular dela diversas vezes ontem. Ela não
ligou de volta.
Marco Paulo mora em Valparaiso (GO) e cursa o 5º semestre do curso de administração em uma faculdade
particular de Brasília. Ele ganhava cerca de R$ 750.
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