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Assessor era cobrado por dossiê , diz Tuma Jr.
Ex-secretário afirma que Pedro Abramovay "vivia dizendo que era um saco" a pressão por papéis contra rivais
Segundo "Veja", pedidos vinham de Dilma e de Gilberto Carvalho, que negam; Abramovay refuta as afirmações
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
O ex-secretário nacional
de Justiça Romeu Tuma Jr.
afirmou à Folha que o advogado Pedro Abramovay, seu
ex-colega no ministério e
atual secretário nacional de
Justiça, reclamou diversas
vezes do que considerava ser
a pior parte do seu trabalho
-fazer dossiês. "Ele vivia dizendo que era um saco ter de
fazer esses dossiês."
A revista "Veja" afirmou
ontem que Abramovay disse
a Tuma Jr. que as ordens para
confecção de dossiês partiam
da ex-ministra da Casa Civil e
atual candidata à Presidência, Dilma Rousseff, e do chefe de gabinete do presidente
Lula, Gilberto Carvalho.
De acordo com a reportagem, Abramovay disse a Tuma Jr.: "Não aguento mais receber pedidos da Dilma e do
Gilberto Carvalho para fazer
dossiês. (...) Eu quase fui preso como um dos aloprados".
A revista não traz informações se os dossiês supostamente encomendados por
Dilma e Carvalho foram efetivamente produzidos nem sobre quais temas tratariam.
Dilma negou "terminantemente" a acusação, que atribuiu a "razões pessoais".
Por meio da Secretaria de
Imprensa do Palácio do Planalto, Gilberto Carvalho negou ter pedido confecção de
dossiês para o advogado.
Abramovay negou "peremptoriamente" ter recebido pressões para elaborar
dossiês. "Nunca, em minha
vida, tive de me esconder",
declarou, em nota.
O Ministério da Justiça
afirmou que, embora seja subordinada à pasta, a Polícia
Federal é autônoma, e que
não interfere em seus inquéritos ou conclusões.
Segundo a "Veja", o diálogo travado entre Tuma Jr. e
Abramovay foi gravado, mas
a data e as circunstâncias
não foram reveladas.
O segundo diálogo divulgado menciona uma reunião
ocorrida entre Tuma Jr., o ministro da Justiça, Luiz Barreto, e sua chefe de gabinete,
Gláucia Paiva. No encontro,
segundo a revista, Barreto reclamou não ter ascendência
sobre o diretor-geral da PF,
Luiz Fernando Corrêa.
Tuma Jr. disse ontem à Folha suspeitar que a conversa
tenha sido gravada pela PF
por meio de escuta ambiental em seu gabinete.
A PF negou, por meio de
sua assessoria de imprensa,
que Tuma Jr. tenha sido alvo
de escuta telefônica ou ambiental em seu gabinete, e
também rechaçou a hipótese
de uma escuta ilegal ter sido
feita por agentes da PF.
Ele diz não saber se a gravação foi autorizada pela Justiça. Segundo Tuma Jr., esses
diálogos não fazem parte da
transcrição do inquérito que
a Polícia Federal instaurou
para investigá-lo sob suspeita de ajudar chineses ilegais
a obter vistos.
Abramovay foi secretário
de Assuntos Legislativos do
Ministério da Justiça até abril
deste ano. Acabou no lugar
de Tuma Jr., quando ele foi
demitido do cargo, em junho.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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