São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Assessor era cobrado por dossiê , diz Tuma Jr.

Ex-secretário afirma que Pedro Abramovay "vivia dizendo que era um saco" a pressão por papéis contra rivais

Segundo "Veja", pedidos vinham de Dilma e de Gilberto Carvalho, que negam; Abramovay refuta as afirmações

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

O ex-secretário nacional de Justiça Romeu Tuma Jr. afirmou à Folha que o advogado Pedro Abramovay, seu ex-colega no ministério e atual secretário nacional de Justiça, reclamou diversas vezes do que considerava ser a pior parte do seu trabalho -fazer dossiês. "Ele vivia dizendo que era um saco ter de fazer esses dossiês."
A revista "Veja" afirmou ontem que Abramovay disse a Tuma Jr. que as ordens para confecção de dossiês partiam da ex-ministra da Casa Civil e atual candidata à Presidência, Dilma Rousseff, e do chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho.
De acordo com a reportagem, Abramovay disse a Tuma Jr.: "Não aguento mais receber pedidos da Dilma e do Gilberto Carvalho para fazer dossiês. (...) Eu quase fui preso como um dos aloprados".
A revista não traz informações se os dossiês supostamente encomendados por Dilma e Carvalho foram efetivamente produzidos nem sobre quais temas tratariam.
Dilma negou "terminantemente" a acusação, que atribuiu a "razões pessoais".
Por meio da Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto, Gilberto Carvalho negou ter pedido confecção de dossiês para o advogado.
Abramovay negou "peremptoriamente" ter recebido pressões para elaborar dossiês. "Nunca, em minha vida, tive de me esconder", declarou, em nota.
O Ministério da Justiça afirmou que, embora seja subordinada à pasta, a Polícia Federal é autônoma, e que não interfere em seus inquéritos ou conclusões.
Segundo a "Veja", o diálogo travado entre Tuma Jr. e Abramovay foi gravado, mas a data e as circunstâncias não foram reveladas.
O segundo diálogo divulgado menciona uma reunião ocorrida entre Tuma Jr., o ministro da Justiça, Luiz Barreto, e sua chefe de gabinete, Gláucia Paiva. No encontro, segundo a revista, Barreto reclamou não ter ascendência sobre o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa.
Tuma Jr. disse ontem à Folha suspeitar que a conversa tenha sido gravada pela PF por meio de escuta ambiental em seu gabinete.
A PF negou, por meio de sua assessoria de imprensa, que Tuma Jr. tenha sido alvo de escuta telefônica ou ambiental em seu gabinete, e também rechaçou a hipótese de uma escuta ilegal ter sido feita por agentes da PF.
Ele diz não saber se a gravação foi autorizada pela Justiça. Segundo Tuma Jr., esses diálogos não fazem parte da transcrição do inquérito que a Polícia Federal instaurou para investigá-lo sob suspeita de ajudar chineses ilegais a obter vistos.
Abramovay foi secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça até abril deste ano. Acabou no lugar de Tuma Jr., quando ele foi demitido do cargo, em junho.


Colaborou a Sucursal de Brasília

Texto Anterior: Despesas com terceirizados também sobem
Próximo Texto: Gilberto Carvalho vira réu em caso de corrupção
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.