São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2010

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"Mãezona", Weslian Roriz investe em promessas e aposta no emocional

Sem experiência, substituta do marido na disputa eleitoral concorre com força do sobrenome

Sem conhecer próprio programa, candidata afirma que pretende "cuidar das pessoas com a pureza da alma"

FILIPE COUTINHO
JOHANNA NUBLAT

DE BRASÍLIA

Tudo começou em 1959, em Luziânia, cidade do entorno do Distrito Federal. Ela tinha 17 anos e estava vestida como japonesa numa festa temática. Ele, aos 23, se apaixonou pela gueixa. Casaram-se no ano seguinte, três meses após a inauguração de Brasília.
Assim começa a história de Weslian do Perpétuo Socorro Peles e Joaquim Roriz, o "casal 20" da atual corrida eleitoral. Dona Weslian, como é chamada, agora aos 68 anos, caiu de paraquedas na disputa pelo governo do DF, após o marido ter sido considerado "ficha-suja" pela Justiça Eleitoral.
Sem ter participado diretamente de um governo, Weslian diz que a candidatura pelo PSC é um "gesto de amor". Para a Procuradoria Eleitoral, é uma "candidatura-laranja". De um jeito ou de outro, conseguiu 440.128 votos no primeiro turno, levando a disputa pelo governo para a segunda rodada.
"Fazem um prejulgamento muito grande da minha mãe dizendo que ela é a fruta tal", reclama a filha caçula, Liliane Roriz (PRTB), eleita deputada distrital graças à força do sobrenome.
Além de Liliane, o "casal 20" tem outras duas filhas: Jaqueline e Weslliane. Um filho morreu aos 3 anos.
Jaqueline foi a primeira do clã a se aventurar na política no embalo de Roriz. Foi eleita deputada distrital em 2006 e, agora, deputada federal.
Desde que o pai passou a ser ameaçado pela Ficha Limpa, Jaqueline foi cotada para ser a substituta. Essa tarefa, no entanto, ficou para a novata Weslian.
No dia a dia de campanha, Weslian mostra ter pouco conhecimento da função que pretende ocupar.
Para ela, esse problema será resolvido graças à combinação de bons técnicos e conselhos do marido.
Questionada sobre políticas para a saúde no Guará, cidade-satélite onde fazia carreata, saiu pela tangente: "Melhora no atendimento, não é isso que o povo está cobrando? Meu vice [Jofran Frejat, ex-secretário de Saúde] é ótimo", respondeu.
Em 30 dias de campanha, Weslian apresentou duas propostas próprias: anistiar todas as multas de trânsito e dobrar o Bolsa Família no DF. De resto, Weslian prefere partir para o emocional e prometer "cuidar das pessoas com a pureza da alma".
Em meio a dúvidas sobre sua capacidade de governar, ela disse ser dona de casa e, por isso, ter experiência em administrar. Garante, também, que ser mulher de Joaquim Roriz por 50 anos é uma experiência e tanto.

MÃEZONA
Enquanto primeira-dama -título que ela rejeita-, Weslian se dedicou à área social, distribuindo cobertores e enxovais, criando um centro de cães-guia e cartórios em maternidades públicas da cidade.
Como a Folha mostrou, o Instituto Integra -que a candidata cita como prova de sua experiência- se beneficiou de irregularidades no tempo em que Joaquim Roriz era governador.
Outra função social a que Weslian se dedicou no passado foi o convencimento para que jovens grávidas não abortassem.
A face de "mulher da família" e católica fervorosa é um discurso unânime, agora muito presente na campanha e mote para criticar o PT.
O ídolo de Weslian é justamente um padre, Léo, ícone da TV Canção Nova, que morreu de câncer há três anos. O tema religioso vale inclusive para as viagens da família. Passeios de Jerusalém a Aparecida (SP) já estiveram no roteiro turístico.
Longe do status de primeira-dama, Weslian evita festas e colunas sociais. Prefere se divertir com a família em sua fazenda no interior de Goiás.
Entre seus hobbies, gosta de fazer doces, andar a cavalo e cuidar de suas roseiras.
Com o perfil de "mãezona", há anos convivendo na política brasiliense, Weslian não foi criticada pelos adversários nem mesmo quando disse que iria "defender toda aquela corrupção", em debate. "Minha família gosta muito dela, ela tem um jeito de mãezona", confidenciou um adversário.


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