São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2010

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Candidata no DF tenta escapar do rótulo de "laranja" do marido

DE BRASÍLIA

Lançada candidata nove dias antes do primeiro turno, a campanha de Weslian Roriz (PSC) vive em contradições. Weslian é, ao mesmo tempo, a principal surpresa dessa eleição e a continuidade do "jeito Roriz de governar", como defende.
Para evitar o rótulo de "candidata laranja" do marido, ela diminuiu as aparições de Joaquim Roriz na campanha. No início, ele chegava a segurar a candidata pela nuca e assoprar no ouvido o que dizer. O marido tem também o costume de interromper as raras declarações de Weslian à imprensa.
Depois das críticas, Weslian passou a dizer que tem ideias próprias. Mas pediu na Justiça Eleitoral que sejam mantidos o nome e a foto do marido nas urnas, para garantir a "segurança técnica" do sistema.
Para o segundo turno, Weslian trocou o azul, de Joaquim Roriz, pelo rosa. Aos poucos, teve que cumprir a decisão do TRE-DF (Tribunal Regional Eleitoral), que mandou tirar o marido das peças de campanha.
Nas ruas, Weslian prioriza a periferia de Brasília, tradicional reduto eleitoral do marido. Chega de carro ou helicóptero, dá beijos e abraços nos eleitores e então sobe num caminhão para distribuir acenos em carreata.
O roteiro se encerra com uma rápida fala à imprensa, sempre abstrata. Quando fala ao povo, o sotaque é goiano e a fala é carregada de emoção. É com essa tática que pretende virar a eleição. Na última pesquisa Datafolha, ela aparece com 36% dos votos válidos, contra 64% de Agnelo Queiroz (PT).
Mesmo assim, Weslian recusou convites para participar de debates no segundo turno, depois dos deslizes cometidos naqueles em que participou.

BLINDADA
Sempre blindada por assessores e algum familiar, ela evita a imprensa. Na única entrevista que concedeu, a candidata admitiu que não conhecia o plano de governo que defende.
Weslian, contudo, não vacila na hora de criticar seus adversários políticos.
Ela afirma que o petista e adversário ao governo é comunista, ateu e pró-aborto.
Os adversários, porém, preferem se calar com as críticas de Weslian. Temem que o sorriso ingênuo da novata possa causar comoção nos eleitores.
A última vez que isso aconteceu foi em 1998. Roriz, o marido, engasgou num debate para falar a palavra "catástrofe". Levou a eleição por 36 mil votos de vantagem.


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