São Paulo, sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Investigado, Anchieta Jr. emprega filho de delegado da PF

Pai do estudante nomeado em RR vai apurar suspeita de compra de votos em favor do governador reeleito; órgão nega favorecimento

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BELÉM

Responsável pelas investigações dos supostos crimes eleitorais cometidos pela campanha do governador reeleito José de Anchieta Jr. (PSDB), o superintendente da Polícia Federal em Roraima, Herbert Gasparini, tem um filho em cargo de confiança em órgão do governo.
Marcos Eduardo Gasparini de Magalhães, ainda estudante de direito, foi nomeado em março deste ano chefe da seção de análise de benefícios do Iper (Instituto de Previdência de Roraima).
Segundo o governo, pelo cargo comissionado o estudante recebe cerca de R$ 800. Para assumi-lo, de acordo com o governo, não é preciso concurso nem formação acadêmica, e sim "capacidade" de trabalho.
Marcos Eduardo, também de acordo com o governo, já pediu sua exoneração, pois irá se mudar de Boa Vista.
Procurado, o superintendente preferiu não se pronunciar. A assessoria da PF no Estado, no entanto, disse que o estudante conseguiu a indicação por mérito próprio, e não com sua ajuda.
O Iper já assinou, mas ainda não cumpriu, um acordo com o Ministério Público Estadual para preencher suas vagas somente por meio de concursos públicos.

NÚMERO DOIS
Já Rebeca Gomes Teixeira -mulher de Alexandre Ramagem, segundo na hierarquia da PF em Roraima- se beneficiou de um erro jurídico do governo para ter o direito a R$ 660 mil do Estado.
Assim como Gasparini, Ramagem investigará as suspeitas de compra de voto em favor do governador Anchieta Jr., suscitadas por gravações reveladas pela Folha na semana passada. Ele nega.
Delegada da Polícia Civil, ela entrou com uma ação contra o Estado de Roraima para conseguir uma promoção em sua carreira.
Depois de ganhar em primeira instância, conseguiu confirmar a decisão também na segunda instância, pois o governo não anexou os documentos necessários para que seu recurso fosse ao menos recebido e julgado pelo Tribunal de Justiça de Roraima.
Embora todos os outros delegados que entraram com pedidos idênticos também tenham ganho em primeira instância, apenas outra delegada, além da mulher de Ramagem, manteve a decisão no TJ, disse o governo.
Por 66 dias, a decisão inicial a favor de Rebeca foi mantida, sem ser de fato cumprida. Como o juiz estipulou multa diária de R$ 10 mil em favor de Rebeca em caso de descumprimento, o erro do Estado deu a ela o direito de receber R$ 660 mil.
Segundo a assessoria da PF, Ramagem está viajando e por isso não se pronunciaria. A reportagem não localizou Rebeca. A Procuradoria-Geral do Estado negou que o erro tenha sido intencional.


Texto Anterior: Governador de PE lidera ranking; lanterna é do DF
Próximo Texto: Outro lado: Governo nega favorecimento em nomeação
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.