São Paulo, sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

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Soube de dispensa por jornal, diz secretário

Mauro Ricardo Costa, da Fazenda, se queixa de como transição está sendo feita e exalta finanças que Alckmin herdará

"Existia expectativa de que pudéssemos ser informados com antecedência", afirma secretário sobre saída


CATIA SEABRA
CLAUDIA ROLLI

DE SÃO PAULO

Mauro Ricardo Costa, 48, deixa a Secretaria da Fazenda de São Paulo exaltando números positivos. Mas com lembranças negativas sobre a forma como foi dispensado pelo futuro governador, Geraldo Alckmin.
"Fiquei sabendo pela Folha. Depois recebi telefonema de Calabi [Andrea Calabi, que assumirá a pasta] e de Alckmin. Muitos outros [secretários dispensados pelo tucano] nem isso tiveram."
Com a perspectiva de encerrar o ano com um crescimento real de 35,15% da arrecadação em relação a 2006, Costa recorre à comparação do ex-governador Claudio Lembo. Mas inverte: "Lembo dizia que lhe prometeram uma Ferrari, mas recebeu um fusquinha [risos]. Vamos entregar uma Ferrari para Geraldo Alckmin".
A partir de janeiro, ele assume a Secretaria das Finanças da prefeitura paulistana.

 

Folha - Qual seu balanço da passagem pelo governo?
Mauro Ricardo Costa -
Conseguimos extrair leite de pedra. Em concessão de rodovias, levantamos R$ 5,5 bilhões, além de investimentos da ordem de R$ 8,6 bilhões. Criamos uma receita de R$ 2,084 bilhões proveniente da alienação do direito de exclusividade do pagamento de servidores estaduais. Fizemos com a Nossa Caixa. Depois, fizemos a operação com o Banco do Brasil, o que rendeu R$ 7,4 bilhões.

Alckmin vai receber das mãos de Serra/Goldman um Estado com saúde financeira melhor do que ele entregou?
Muito melhor. Fizemos uma proposta orçamentária com recursos da ordem de R$ 141 bilhões, e mais de R$ 20 bilhões para investimentos. Alckmin receberá o Estado com caixa de R$ 20 bilhões, entre recursos de Tesouro e das entidades aplicados no mercado financeiro, o suficiente para cumprir todos os compromissos que não puderem ser pagos em 2010. Vai receber uma Ferrari.

Vocês não receberam o Estado assim. O ex-governador Claudio Lembo dizia que havia problemas...
Lembo dizia que lhe prometeram uma Ferrari, mas ele recebeu um fusquinha [risos]. O que estamos dizendo é que entregaremos uma Ferrari para Geraldo Alckmin.

Mas vocês receberam um "fusquinha"?
Não tinha dívida. Mas recebemos o Estado com a capacidade de investimento muito menor do que estamos colocando à disposição. Além dos recursos, deixaremos operações de créditos contratadas a serem desembolsadas no próximo governo de R$ 10,5 bilhões.

O seu nome foi exposto durante a transição: vai ficar, não vai...O que achou disso?
Muito ruim ficar exposto no jornal dessa forma.

O processo de transição foi deselegante com os atuais secretários?
Os secretários esperavam outra coisa. Ninguém achava que iria permanecer. Existia expectativa de que pudessem ser comunicados com bastante antecedência. Mas cada um tem estilo diferente.

Qual estilo? Alckmin foi ingrato?
Estilo diferente da expectativa dos secretários. O que posso dizer é isso.

Quando se falaram pela última vez?
Na semana anterior ao comunicado que fez. Pediu que eu articulasse com o governo federal para que uma operação de crédito fosse aprovada pelo Senado. Soube pela Folha que seria substituído. Posteriormente o Calabi me telefonou e, depois, o Alckmin me informou. Mas ele teve a delicadeza de me ligar e agradecer. Muitos outros nem isso tiveram.

O sr. acha que vocês estão entregando para ele uma chance de grande vitrine?
Ele tem várias obras em andamento para entregar.

Então, o Serra acabou vitaminando Alckmin para a disputa de 2014?
O Serra ajudou o Alckmin. Chamou-o para a Secretaria de Desenvolvimento. Logo depois de assumir, Alckmin anunciou as medidas anticíclicas adotadas pelo Estado.
Todos os recursos vão vitaminá-lo. Onde ele quer chegar, só ele vai poder dizer.


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