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"Partilha do pão" já mobiliza até siglas que não apoiam PT
PTB, que está coligado a Serra, exige mais "visibilidade" caso Dilma vença
"A gente vale o quanto pesa", afirma dirigente do PP, que não integra
oficialmente a aliança da candidata petista
RANIER BRAGON
SIMONE IGLESIAS
DE BRASÍLIA
A 39 dias das eleições presidenciais, os partidos que
apoiam Dilma Rousseff (PT)
já falam abertamente na divisão dos "lotes" em um eventual governo da petista.
Com 17 pontos de vantagem de Dilma sobre José Serra (PSDB), o apetite pela
"partilha do pão" -expressão usada pelo candidato a
vice na chapa de Dilma, o
presidente do PMDB, Michel
Temer- inclui até parte do
PTB, que apoia oficialmente
o candidato tucano.
Além dos petebistas, a Folha ouviu lideranças dos dez
partidos da aliança dilmista
e do PP, que a apoia extraoficialmente.
"Tivemos o Ministério das
Relações Institucionais, que
não tem capilaridade, e temos hoje alguns carguinhos.
Esperamos ter mais visibilidade administrativa", diz o
líder da bancada do PTB na
Câmara, Jovair Arantes (GO),
um dos comandantes da ala
dilmista da legenda.
No PP, o deputado Mario
Negromonte (BA), integrante
do conselho político de Dilma, diz: "Esperamos eleger
de 50 a 60 deputados federais, além de senadores, governadores. Vamos crescer e,
então, é aquela história, a
gente vale quanto pesa".
Ele minimiza o fato de o
partido não ter aprovado oficialmente o apoio. "Ela sabe
o esforço que fizemos."
Vice-presidente da legenda, Ricardo Barros (PR) reforça: "A relação vai ser por
tamanho da bancada, quem
ganha tem que governar".
O ministério do PP (Cidades), entretanto, já é objeto
de desejo do PSB, que tem
chances de eleger quatro governadores, além de aumentar a bancada no Congresso.
Pessebistas dizem já ter
discutido com Dilma o fortalecimento do Ministério dos
Portos, atualmente comandado pela legenda.
O PSB fala ainda no nome
de Ciro Gomes para o BNDES
e pleiteia a pasta dos Transportes, hoje com o PR, que
tem a maior previsão de investimento da Esplanada.
Luciano Castro (PR-RR),
um dos interlocutores da legenda com Dilma, diz que o
partido não vai abrir mão do
espaço e que tem até nome
para ocupá-lo: o do ex-ministro Alfredo Nascimento.
Já o PDT, que controla a
pasta do Trabalho, pretende
ampliar sua participação assumindo a Educação.
"Seria o ideal, mas é claro
que depende dela. O PDT
não faz isso [negociação antecipada]", diz Manoel Dias,
presidente do partido.
O PC do B aposta em aumento de sua bancada para
ter maior peso na negociação. O PSC, que na última
hora pulou do barco de Serra
para o de Dilma, também espera ser "reconhecido".
Temer negou ontem no
debate Folha/UOL que o partido, hoje com seis ministérios, negocie a ampliação de
sua participação (leia mais
na pág. A8).
"Durante anos fomos tratados como partido fisiologista. Isso incomoda muito e
estamos adotando práticas
para afastar esse estigma",
diz Moreira Franco, que participa da elaboração do programa de governo de Dilma.
O PT nega a discussão de
partilha. "A Dilma nunca discutiu isso, nem a coordenação da campanha ou o partido", afirmou Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Câmara.
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