São Paulo, quinta-feira, 25 de novembro de 2010

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Projeto cria restrições a pesquisas eleitorais

Pelo texto, institutos teriam de ampliar número de entrevistas a 1 mês do pleito

Diretor do Datafolha diz que regra é inócua pelo ponto de vista técnico e, sob a ótica financeira, inviabiliza pesquisas

DE BRASÍLIA

A Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado aprovou projeto de Eduardo Azeredo (PSDB-MG) que, entre outras mudanças, estabelece regras mais duras para a realização de pesquisas eleitorais próximas às eleições
Pelo projeto, as pesquisas realizadas 30 dias antes do pleito têm que ouvir pelo menos 0,01% do eleitorado nacional, o que equivale a cerca de 13 mil eleitores. A maioria das pesquisas ouve, em média, 4.000 brasileiros.
A regra também vale para as eleições municipais e pode entrar em vigor em 2012 se o projeto for aprovado até meados do ano que vem.
Segundo Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, a regra de ouvir pelo menos 0,01% do eleitorado "praticamente inviabiliza, do ponto de vista financeiro, a realização de pesquisas".

"CENSURA INDIRETA"
Para ele, trata-se de uma "forma indireta de censurar esses levantamentos".
Paulino afirma que, do ponto de vista técnico, a medida é inócua. "Não é o número de entrevistas que garante a qualidade da pesquisa. Se o processo amostral for inadequado, aumentar o número de entrevistas só vai potencializar possíveis erros."
Ele lembra que, no segundo turno das eleições presidenciais, os institutos acertaram o resultado, dentro da margem de erro, ouvindo em média 0,004% do eleitorado (menos de 6.000 eleitores).
Procurado, o Ibope não se manifestou porque a diretora do instituto, Márcia Cavallari, não foi localizada.

OUTROS PONTOS
O projeto também endurece as regras para a inauguração de obras públicas durante o período eleitoral, ao ampliar de três para quatro meses antes do pleito a proibição para que agentes públicos realizem inaugurações.
O projeto reúne mais de 60 artigos rejeitados pela Câmara durante as discussões da minirreforma eleitoral.
O objetivo de Azeredo é garantir a aprovação das mudanças no Senado. Se os deputados modificarem o projeto, ele retorna para nova análise dos senadores.
O texto seguiu para análise da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que vai analisá-lo em caráter terminativo (sem a necessidade de ser votado em plenário).
Outra mudança permite oficialmente o veto à participação de "nanicos" nos debates realizados em rádio, televisão ou internet.
(GABRIELA GUERREIRO)

Colaborou a Reportagem Local


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