São Paulo, sábado, 26 de março de 2011

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Presidente do BC tenta aplacar céticos

Tombini se reúne com empresários e banqueiros para combater desconfiança que sua estratégia gera no mercado

Analistas mais pessimistas preveem inflação de quase 7% para este ano, acima da meta oficial de 4,5%

Danilo Verpa/Folhapress
Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini discursa durante almoço de entrega de prêmio a banco, em São Paulo

ÉRICA FRAGA
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

Num esforço para aplacar o ceticismo em relação à capacidade do governo de controlar a inflação, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, participou na quinta-feira de um jantar com um grupo seleto de empresários e banqueiros em São Paulo.
Segundo a Folha apurou, Tombini manteve seu tom discreto e ouviu mais do que falou. Mas teria reforçado a mensagem de que o Banco Central mantém o compromisso de reduzir a inflação -hoje em 6% ao ano- para nível próximo da meta oficial de 4,5%.
O jantar ocorreu na casa do ex-diretor do BC Luiz Fernando Figueiredo, presidente da Mauá Investimentos, que organizou o encontro.
Segundo a Folha apurou, entre os executivos presentes estavam Raul Calfat (grupo Votorantim), André Esteves (BTG Pactual), Jair Ribeiro (Banco Indusval), Hélio Rotenberg (Positivo) e Daniel Feffer (grupo Suzano).
É comum que presidentes do BC se reúnam individualmente com executivos e economistas para discutir o cenário econômico. Mas esses encontros geralmente ocorrem na sede do próprio BC.
O fato de Tombini ter aceitado o convite de Figueiredo foi interpretado por analistas do mercado como mais uma tentativa de combater a descrença atual em relação à queda da inflação.
Analistas mais pessimistas apostam que o IPCA, principal índice de preços do país, encerrará 2011 em quase 7%, bem acima da meta estabelecida pelo governo.
Mesmo os economistas mais otimistas -que começaram o ano acreditando em inflação mais baixa que o alvo perseguido pelo BC- agora já esperam que o IPCA estará em nível acima de 5% no fim de 2011.
Esses extremos captados pelo boletim Focus, em que o BC compila previsões do mercado, dão dimensão da dificuldade que ele enfrenta para segurar a inflação.
Desde 2005, não se via um balanço tão negativo entre as maiores e as menores expectativas do mercado em relação à meta, antes mesmo do fim do primeiro trimestre.
Tanto no jantar de quinta-feira como em evento público ontem em São Paulo, Tombini mostrou estar ciente do desafio que enfrenta.
Ele disse que as expectativas do mercado devem continuar piorando por causa de choques como a recente alta nos preços das commodities, que dificultam o exercício de fazer projeções de inflação.
Tombini também destacou que o consumo doméstico está se expandindo mais rapidamente que a produção e disse que existe, há algum tempo, uma pressão de preços no setor de serviços.
Mas ressaltou que esse movimento de deterioração nas projeções deverá ser revertido em breve. "Na ausência de novos choques, esse processo [de piora das expectativas] tende a se esgotar no curto prazo".


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