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ANÁLISE
Presidenciáveis preferem a superfície a ideias concretas
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
José Serra agiu e foi recebido como se estivesse em casa, Dilma Rousseff foi perfeita tecnicamente e Marina Silva apelou para o tom emocional no encontro dos presidenciáveis na CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Ao final, o empresariado
avaliou que o tucano se saiu
melhor, a petista cumpriu
seu papel de defender o governo e a candidata verde ganhou a simpatia da plateia.
Nenhum deles, porém,
apresentou uma lista de propostas concretas ao gosto
dos empresários. Ficaram
mais na superfície, nas frases
de efeito ou em promessas
pontuais aqui e ali.
Tudo somado, Serra foi o
mais aplaudido dos três ao
engrossar críticas frequentes
da indústria. Um tom calculado diante da necessidade
de bater no governo Lula depois que as pesquisas eleitorais o trouxeram empatado
com a petista.
O tucano estava mais à
vontade entre os empresários. Falou de improviso, ao
contrário das duas candidatas, fez brincadeiras e buscou
mostrar intimidade com os
presentes.
Tão logo Serra encerrou
sua exposição, quando Dilma e sua equipe já estavam
fora do prédio, empresários
comentavam que ele havia se
saído melhor. Alguns não escondiam o sorriso no rosto.
Escolhida por sorteio para
ser a primeira expositora,
Dilma seguiu um roteiro escrito na fala inicial. Começou
séria, mas se soltou na fase
de perguntas.
Buscou agradar aos empresários ao dizer que se
comprometia a fazer a "reforma das reformas", a tributária, mas tanto quanto Serra
não entusiasmou os presentes nesse tópico por ser muito
genérica.
Última a falar, Marina foi
recebida inicialmente com
frieza por um auditório já um
pouco esvaziado e com uma
plateia que não simpatiza
com os entraves da área ambiental a investimentos.
Tanto que, ao arriscar uma
brincadeira, ficou sem graça
ao não sentir reação. Havia
brincado que não perguntaria do que os empresários tinham fome naquele horário,
perto das 14h.
Depois, conseguiu descontrair o ambiente com seu
estilo direto. Ao final, tentou
conquistar alguns votos pela
emoção. "No primeiro turno,
a gente vota com o coração.
No segundo, a gente se desvia do pior", arrancando
aplausos dos empresários.
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