São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 2011

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Hacker que invadiu e-mail de Dilma diz que tentou avisá-la

Douglas afirma que chegou a ir ao Palácio do Planalto, mas não foi ouvido; governo não comenta declarações

Homem diz que já depôs e entregou notebooks à Polícia Federal, que usa segredo de Justiça para não divulgar apuração

MATHEUS LEITÃO
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA

O hacker que violou o e-mail da presidente Dilma Rousseff e o do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) afirmou que tentou avisar o Palácio do Planalto sobre a fragilidade da conta eletrônica, mas não teve sucesso.
O hacker, que se identifica como Douglas Lopes, criou uma conta no microblog Twitter (@douglaslopesweb) no dia 19 de julho e conversou com a reportagem por e-mail nos últimos dias.
Ele escreveu ontem: "Tentei avisar a #dilma sobre a vulnerabilidade do e-mail e do site do PT. Não acreditaram em mim. Fui até no Palácio do pl [Planalto]."
A Folha revelou em 30 de junho que Douglas invadiu o correio eletrônico pessoal de Dilma durante a campanha de 2010. Copiou e-mails que ela recebeu e tentou vendê-los a partidos de oposição.
Também ofereceu as mensagens à reportagem, que rechaçou a proposta e noticiou a invasão do e-mail.
No dia seguinte, a Polícia Federal abriu inquérito para apurar o episódio. Desde então, a PF se recusa a comentar o andamento da investigação, que corre sob sigilo. Não confirma nem se Douglas prestou depoimento.
Por e-mail, Douglas disse à Folha que esteve num prédio da PF, onde "prestou esclarecimentos". A PF teria apreendidos "alguns notebooks", além de outros "equipamentos eletrônicos, o celular da sua mãe e outro HD".

ARREPENDIDO
Ele disse estar arrependido e descreveu a tentativa de venda dos dados como um "deslize", por estar "precisando de grana, com a esposa doente e prestação do carro atrasada".
O hacker também afirmou que tentou vender as informações por estar com medo de retaliações do PT ("medo do PT, do que o pessoal fala sobre o PT, eu queria tentar fazer minha segurança").
Ele escreveu (com pontuação corrigida): "Eu não tinha nenhuma intenção de ter ganhos com este e-mail, mas foi coisa do momento. Entrei, tentei avisar a Dilma. Posteriormente, sem sucesso com Dilma, tentei vender porque tinha me exposto demais. Fiquei com bastante medo. Se conseguisse, iria tentar mudar de Brasília".
Douglas disse que os notebooks entregues à PF estavam sem os HDs, que ele teria destruído com "tíner, água sanitária, além de tê-los triturado com martelo".
O hacker disse acreditar que a PF conseguiu recuperar os dados retirados de 30 e-mails de Dilma e Dirceu mostrados à reportagem de relance em uma lan house.
Segundo o hacker, a PF tentará enquadrá-lo no artigo 151 do Código Penal: "Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem". Ele afirmou não saber como os policiais teriam recuperado os arquivos.
A assessoria de imprensa do Planalto informou que não comentaria o caso.


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