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A Hollywood de Dilma
Mais rica e preparada com antecedência, campanha da petista na TV usa técnicas "de cinema" e câmera que pode custar R$ 500 mil
ANA FLOR
FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO
Se em marketing político
imagem é tudo, a campanha
da presidenciável Dilma
Rousseff (PT) possui armas
poderosas na guerra do horário eleitoral na TV.
A começar pela Red One
4K, uma câmera digital americana que filma com resolução de cinema. Com lentes e
outros aparatos, pode custar
R$ 500 mil.
O marqueteiro João Santana tem duas delas, e ambas
têm sido usadas na propaganda de Dilma. Segundo
profissionais do meio, é um
dos diferenciais dos programas da coligação governista.
A equipe de TV da campanha, entretanto, afirma que a
Red é um dos segredos, mas
está longe de ser o único. Seu
uso eficiente passa por profissionais de "primeira linha", escolhidos a dedo pelo
marqueteiro meses antes do
início dos programas de TV.
Desde o início, Santana
pôs na cabeça que faria "cinema" na campanha. Montou sua equipe e sua parafernália com esse propósito. O
planejamento se iniciou há
quase um ano.
Por isso a opção pela Red,
que, embora digital, recebe
lentes semelhantes às de câmeras que gravam com filme
de 35 mm utilizadas na sétima arte. Tem a melhor resolução possível para imagens
digitais (8 milhões de pixels
por quadro).
A campanha usa duas outras câmeras, Canon 5D e
Sony HDX 500. A primeira
também faz parte do arsenal
da equipe do PSDB -que
grava ainda com Sony EX3 e
com Betacam Digital.
São todas câmeras que
captam imagens com boa resolução, mas mais simples e
mais baratas.
Só a Red, por exemplo,
permite fechar planos, na
ilha de edição, com alto grau
de definição, sem perda da
qualidade de imagem.
Para utilizar a Red, a equipe de TV de Dilma montou
um sistema de ilhas de edição diferenciado. Há uma
ilha exclusiva para baixar
mais rapidamente as imagens feitas pela câmera. No
total, o bunker de Santana
em Brasília tem 10 ilhas trabalhando simultaneamente,
quase 24 horas por dia.
"O João [Santana] é obsessivo nos detalhes. As imagens são impecáveis, com
definição de cinema, o que fica nítido na TV e faz a diferença", afirma o publicitário
Fernando Barros, da agência
Propeg, gigante do mercado
que tem contratos com vários
partidos e governos.
O diretor de fotografia Alexandre Ermel, que trabalha
para produtoras como a O2,
de Fernando Meirelles, diz
perceber que a campanha de
Dilma "tem mais grana", porque "tem mais steady [sistema que elimina a tremedeira
na gravação], locações, equipe e equipamentos de cinema mesmo".
Segundo a última prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral, a campanha
de Dilma e o comitê financeiro do PT declararam gastos
de R$ 29 milhões com "produção de programas de rádio
e TV". Do lado tucano, a despesa declarada até agora foi
de R$ 11 milhões.
Trabalhar com uma Red
implica montar um esquema
complexo e caro, com uma
equipe de filmagem maior e
mais especializada e equipamentos adequados para edição e finalização.
Segundo um integrante da
equipe de comunicação de
Serra, a falta de recursos justificaria o fato de o equipamento não ser usado pelos
tucanos.
A diretora-executiva do
programa de Dilma, Lô Politi,
que vem da área publicitária
e do cinema, afirma que a
proposta da campanha é
"inovadora, moderna, diferenciada". "É muito raro que
se tenha esse tipo de visão e
qualidade em marketing politico", afirma.
O parceiro de Lô na finalização dos programas é o diretor de arte Marcelo Kertész.
TRILHA SONORA
Um setor que também recebe grande investimento e
atenção na campanha de TV
de Dilma é o da trilha sonora
dos programas, nem sempre
perceptível para o telespectador comum.
Cada programa tem uma
trilha específica, feita, assim
como no cinema, depois da
montagem e edição final.
São quatro estúdios de áudio, onde são feitas as trilhas
e os programas de rádio. Nas
madrugadas, depois que o
programa é montado, a equipe de música, coordenada
por João Andrade, cria e edita
a trilha sonora.
E há, em relação à campanha do principal adversário,
uma diferença de planejamento: a equipe de Santana
começou a gravar imagens
externas três meses antes do
início do horário eleitoral, quando Serra acabara de admitir que era candidato.
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