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Petista foi informada de ação na Eletrobras contra relatório da CGU
Informação foi passada à petista por ex-ministro Silas Rondeau
HUDSON CORRÊA
DO RIO
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
Então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT) foi
informada de estratégia para
"desconstruir" na Eletrobras
relatório da CGU (Controladoria-Geral da União), vinculada à Presidência da República, que apontou irregularidade no programa federal
Luz para Todos.
A informação foi transmitida a Dilma pelo ex-ministro
de Minas e Energia Silas Rondeau (ele próprio alvo do relatório da controladoria) durante conversa telefônica no
dia 27 de maio de 2008.
O telefone de Silas estava
grampeado pela Polícia Federal, que o investigava por
suposto tráfico de influência
no governo. A Folha teve
acesso ao grampo.
Duas semanas antes da
conversa com Dilma, Rondeau e o diretor de Planejamento e Engenharia da Eletrobras, Valter Cardeal, aliado da petista há 25 anos no
setor elétrico, tinham sido
denunciados à Justiça sob a
acusação de formação de
quadrilha e desvio de recursos do Luz para Todos no Estado do Piauí.
RELATÓRIO
A base da denúncia feita
ao STJ (Superior Tribunal de
Justiça) era justamente o relatório de auditoria da CGU, o
qual, informa Rondeau a Dilma, seria desconstruído.
Na semana passada, a Folha revelou outro grampo da
Polícia Federal, de setembro
de 2008, em que Cardeal diz
ao ex-ministro atuar contra o
relatório dentro da estatal,
ou seja, mantendo a estratégia já informada a Dilma
quatro meses antes.
"Nós precisamos fazer os
primeiros movimentos porque a coisa tá começando a
complicar", diz o diretor. "Eu
tenho umas informações
boas, tá?", responde o ex-ministro.
Ainda no diálogo telefônico, o diretor da Eletrobras
afirma ter "detonado" colegas que apontaram irregularidade na estatal.
A Controladoria-Geral da
União informou que realmente reviu o relatório, manteve as "impropriedades"
apontadas, mas isentou de
responsabilidade Cardeal e
outros "agentes envolvidos",
o que beneficia Rondeau.
APOIO DE DILMA
O diretor da Eletrobras e o
ex-ministro foram denunciados após a Operação Navalha, realizada pela Polícia Federal em 2007, contra desvio
de dinheiro público, que teve
40 mandados de prisão em
nove Estados, além do Distrito Federal.
Na conversa com Dilma,
Rondeau agradece o apoio
da então ministra logo depois de ter sido denunciado à
Justiça.
"Quero agradecer o seu
apoio também. Tenho acompanhado", afirma o ex-ministro de Minas e Energia.
"Silas, e como está a situação. Melhorou?", pergunta
Dilma Rousseff referindo-se
à denúncia.
O ex-ministro responde
que passou "ontem no Rio
[de Janeiro], com o pessoal. A
gente está desconstruindo
toda aquela maluquice" do
relatório da CGU, "que foi o
que trocou os pés pelas mãos
e fundamentou [a denúncia].
Então, hoje vou estar de novo
com o Cardeal, o pessoal todo da Eletrobras. E os advogados devem estar conectando", diz Rondeau.
"Acho que agora que tem
uma coisa formal tenho como me defender", acrescenta
Rondeau. "É agora tem. Porque, se não, antes era uma
coisa abstrata, né", responde
a então ministra.
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