São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

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JANIO DE FREITAS

Promissor e bonito


Levantes autênticos sabem o que querem; difícil é saberem que passos dar rumo ao que queiram


É SEMPRE BELA a implosão do povo que se levanta por iniciativa e coragem próprias, sem mais aguardar por partidos ou movimentos entregues a disputas inférteis, e põe ditadores em fuga e ditaduras no chão.
Essa beleza rara, vinda de profundezas tão luminosas quanto obscuras, é que uma coletividade capta em outra, inflama-se também, e estende a implosão autêntica com a sua própria. Como prenúncios dos finais que, se não vêm logo, ficam anunciados para o futuro certo do despotismo.
É o que acontece na pequena Tunísia, há tanto tempo silenciada por violência e falcatrua política. É o que colhe na pequena Tunísia o Egito eterno, há tanto tempo silenciado por violência e falcatrua política. E todo o mundo árabe das ditaduras se assusta, enfim. Mas não só ele.
Também os desenvolvidos ocidentais, amantes da democracia e patronos das ditaduras árabes, caem na perplexidade e na insegurança. Aí está outra forma de beleza, no poder aturdido.
Os levantes autênticos sabem o que querem, no primeiro impulso. Difícil é saberem que passos seguintes dar rumo ao que queiram. Se vitoriosos ou se vencidos nesta primeira hora, do mesmo modo é impreciso o amanhã da Tunísia e do Egito, e de seus possíveis seguidores. Mas o mundo das ditaduras árabes não é mais o mesmo. E isso é bonito e é promissor.

AGUACEIROS
O ministro Nelson Jobim não é boa fonte. Já informou sobre gravadores comprados por seu Ministério da Defesa para a Abin que não foram comprados, e portanto não gravaram ninguém no Supremo Tribunal Federal; divulgou numerosas providências, depois do desastre da TAM em Congonhas, que jamais apareceram; deu seguidas datas para a compra dos caças, em dezembro sua intermediação habitual divulgou até o dia em que Lula iria "bater o martelo" e "comemorar com Sarkozy" a compra dos caças franceses -e nada.
Ainda assim, fique registrado que Nelson Jobim informa estar apenas adiada, para alguma altura deste ano, a decisão sobre os aviões, sem reabertura alguma da confrontação de candidatos. E, portanto, sem retorno do caça russo Sukhoi à disputa.
Ficam, porém, duas dúvidas. Se a concorrência, propriamente, já está fechada, por que o senador John McCain, depois de conversar com a presidente Rousseff, disse nos Estados Unidos que a Boeing vai apresentar nova proposta do seu F-18E?
E, mais interessante, é a razão do adiamento exposta por Nelson Jobim: "Agora não é o momento. Estamos numa situação, digamos, de emergência, de chuvas, desastres aqui e acolá". Como e por que as chuvas impediriam a escolha de um ou outro avião a ser comprado, nem quem está habituado com as chuvas internas na cabeça de Jobim descobrirá jamais.

ESCOLHAS
A propósito dos médicos de pessoas importantes, que de repente se tornaram notícia por terem a clientela que têm, talvez valha lembrar que não são os médicos que escolhem os seus clientes.


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