São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

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ANÁLISE

Sindicalistas querem testar a resistência do novo governo

JULIANNA SOFIA
DE BRASÍLIA

Após oito anos acumulando conquistas sobre o Planalto, as centrais sindicais agora testam Dilma Rousseff.
Foi sob Lula que o movimento sindical conseguiu engavetar as reformas trabalhista e da Previdência (setor privado), criar uma política de reajuste para o salário mínimo e obter, aqui e ali, aumento real para as aposentadorias acima do piso salarial.
Também foi o presidente sindicalista que garantiu às centrais correções sucessivas na tabela do IR. Os momentos de embate foram poucos.
Mas o Executivo foi leniente, e as greves proliferaram no funcionalismo até o STF decidir que as regras para paralisação em empresas privadas também eram aplicáveis à administração pública.
No placar favorável, as centrais ainda contabilizaram o estímulo ao crédito com desconto em folha e os consequentes ganhos do crescimento econômico, com recordes de contratação no mercado de trabalho formal e marcas históricas na arrecadação do imposto sindical.
Os sindicalistas combateram, com o aval de Lula, as tentativas de acabar com a rentável contribuição -antes uma bandeira cara à CUT.
Vetaram ainda os planos da área econômica para desonerar a folha de pagamento das empresas, pregando que a iniciativa daria mais decibéis ao coro por mudanças na Previdência devido ao rombo nas contas do INSS.
A lista de êxitos é longa, e a conclusão, objetiva: não houve disputa em que os sindicatos saíssem de mãos vazias. Agora, querem sentir o pulso (de ferro?) da presidente. Dilma se sentiu incomodada com as queixas de sindicalistas sobre a falta de diálogo do governo sobre o reajuste do salário mínimo. Abriu negociação. A ordem é não ceder e deixar para fazer concessões no Congresso.
As centrais vão continuar a pressionar por um piso de R$ 580, mas nos bastidores admitem um ganho menor para levar em troca a correção da tabela do IR. Discursos à parte, é aí, e não no aumento do mínimo, que a categoria sentirá no próprio bolso o tom do novo governo.


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