São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2011

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Pré-candidato, Covas se contradiz sobre oferta de propina

Secretário nega proposta, mas áudio divulgado por jornal confirma abordagem quando ele era deputado

Na cerimônia em que mudou título de eleitor de Santos para capital, tucano afirma ter sido mal-interpretado


Eduardo Knapp/Folhapress
Bruno Covas, no evento em
que mudou título para SP


DE SÃO PAULO

A pré-candidatura de Bruno Covas (PSDB) à Prefeitura de São Paulo foi ofuscada ontem por uma declaração na qual ele admite ter sido assediado por um prefeito com oferta de propina.
Secretário de Meio Ambiente do Estado, o tucano tentou desmentir a fala.
Mas o jornal "O Estado de S. Paulo" divulgou trecho de uma entrevista concedida há cerca de um mês na qual Covas narra um episódio em que, quando deputado estadual, um prefeito lhe ofereceu R$ 5.000 pela liberação de uma emenda.
O episódio alimentou acusação feita pelo deputado Roque Barbieri (PTB), em agosto, ao jornal "Folha da Região", de Araçatuba, de que cerca de 25% a 30% dos parlamentares vendem emendas e fazem lobby para empreiteiras na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Na entrevista, Covas afirma que um prefeito -ele não diz qual - lhe ofereceu 10% de retorno depois da liberação de uma emenda dele.
"Uma vez, eu consegui uma emenda de R$ 50 mil para obra de um município. Assinamos o convênio e depois o prefeito veio perguntar com quem deixava os R$ 5.000", relata Covas.
Após a publicação da reportagem, o tucano tentou minimizar o episódio, dizendo ter sido mal-interpretado.
"Aquilo não aconteceu comigo. Falei em hipótese que [político] não deveria aceitar [propina]. Estava dando um exemplo hipotético", disse.
A declaração de Covas pegou desprevenidos o Palácio dos Bandeirantes e o governador Geraldo Alckmin (PSDB), e deixou até aliados irritados. Eles o chamaram de "inexperiente" à "inábil" e "despreparado".
A avaliação é que Covas arrastou a crise da Assembleia para dentro do Palácio e acabou por enfraquecer a articulação em prol de seu nome na eleição de 2012. Ele também foi criticado por não ter antecipado ao governador e aliados o teor das declarações.
Ontem à noite, no entanto, Alckmin enumerou qualidades do secretário ao apontá-lo como bom nome para disputar a Prefeitura de São Paulo. "Posso te assegurar, com convicção, que ele herdou as virtudes do avô Mario Covas, de retidão e competência para servir à população", disse em evento da Fiesp.
Covas deverá se explicar na Assembleia Legislativa. Por não ter denunciado a oferta de propina, ele poderá responder por prevaricação.

CONSELHO DE ÉTICA
Ontem, a Casa determinou que o Conselho de Ética apure as acusações do deputado Roque Barbieri. A partir de quinta-feira, o órgão terá 60 dias, prorrogáveis por mais 30, para se manifestar.
No colegiado, pedirão que Barbieri aponte os que acusa de cobrar propina. "É uma denúncia que coloca em xeque o comportamento de todos", disse Carlos Gianazzi (PSOL), autor do pedido de investigação. O Ministério Público Estadual investigará o caso.


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