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Cabral cria feriadão pós-eleitoral no Rio
Governador passa o Dia do Servidor para segunda-feira e tenta esvaziar a zona sul carioca, reduto de Serra
Medida permite quatro dias seguidos de folga e estimula eleitores de renda mais alta a viajar no dia da votação
PLÍNIO FRAGA
JANAINA LAGE
DO RIO
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), criou um
feriadão nos dias seguintes
ao final de semana do segundo turno para tentar ampliar
a abstenção em reduto do tucano José Serra, a zona sul da capital fluminense.
Cabral adiou de amanhã
para segunda-feira, dia 1º, a comemoração do Dia do Servidor Público no Estado.
Na terça é Dia de Finados,
o que, somando-se ao final
de semana, dá quatro dias
sem trabalho para os fluminenses, estimulando que
eleitores de renda mais alta deixem o Rio na eleição.
Cobrado pelo presidente
Lula por ter tido 1,5 milhão de
votos de eleitores do Rio a
mais do que Dilma Rousseff
no primeiro turno, o governador afirma que suas pesquisas internas dão hoje uma
frente no Estado de 2,1 milhões de votos para a petista
em relação ao tucano.
ANTIGA ESTRATÉGIA
Em favor de Dilma, Cabral
repete estratégia que assegurou a vitória de Eduardo Paes
(PMDB) contra Fernando Gabeira (PV) na disputa pela
Prefeitura do Rio em 2008,
com uma diferença mínima de 55 mil votos.
Em 2008, Cabral antecipou o feriado e facilitou uma
debandada da cidade, fazendo com que a eleição tivesse
abstenção de 20,25%, a maior desde 2000.
Na zona sul do Rio, que em
2008 era reduto de Gabeira e
neste ano é de Serra, a abstenção foi de 25,78% naquele
ano; já na zona oeste, onde
Eduardo Paes era mais forte e
hoje Dilma domina, o índice foi de 17,90%.
Serra ficou em primeiro na zona sul do Rio no primeiro turno, e Dilma, em terceiro.
Na zona oeste, as colocações
se inverteram. Resumindo, o
feriado amplia a abstenção
em áreas em que o tucano é
mais forte e não muda significativamente o comparecimento em regiões em que a
petista é hoje mais forte.
Em Estados administrados por tucanos, como Minas e São Paulo, o feriado do Dia
do Servidor foi antecipado para a segunda passada.
Pelo menos outros oito Estados já comunicaram o
adiamento da comemoração
do Dia do Servidor, endossando a estratégia do feriadão pró-Dilma, que tem mais
eleitores entre os mais pobres e menos entre os mais ricos -estes, em tese, os que
mais viajam nos feriadões.
Para tentar ganhar votos no Rio, a campanha de Serra
abriu conversas com o ex-governador Anthony Garotinho
(PR), o deputado federal mais votado do Estado, com 695 mil votos.
Garotinho, cujo partido faz
parte da coligação de Dilma,
só declararia voto no tucano
caso o depoimento fosse levado para a TV. Serra teme se
desgastar com a alta taxa de rejeição ao ex-governador.
Garotinho também conversou com Dilma e reclamou que o principal aliado
da candidata no Estado, o governador Cabral, estaria "se
movimentando" em Brasília
para que sua candidatura seja impugnada nos tribunais.
Em e-mail que distribui a
evangélicos e que assina como "irmão Garotinho", o ex-governador do Rio faz campanha velada contra Dilma.
"Não devemos confundir
mudança de opinião com
oportunismo político. Como
pode alguém que a vida inteira declarou não acreditar em
Deus, ser a favor do aborto,
defender as causas dos homossexuais, lésbicas e travestis, mudar repentinamente de opinião?", escreve.
Colaborou FÁBIO GRELLET, do Rio
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