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Avião espião da Polícia Federal fica no chão por falta de gasolina
Pregão eletrônico para escolher fornecedor não teve interessados
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
A principal promessa da
então candidata Dilma Rousseff (PT) para o combate ao
narcotráfico, ao tráfico de armas e ao contrabando na
fronteira não consegue sair
do chão, literalmente.
A promessa chama-se
Vant, acrônimo de Veículo
Aéreo Não Tripulado, um
avião que registra imagens
sem necessidade de piloto.
Ele chegou ao país há mais
de um mês, mas não há combustível para os voos.
Um pregão eletrônico
aberto para escolher o fornecedor de 12 mil litros de gasolina de aviação, pelo prazo de
um ano, foi cancelado por
falta de candidatos.
A intenção da PF é usar a
empresa que já abastece os
aviões da corporação.
O preço do combustível
-de cerca de R$ 60 mil por
trimestre, segundo estimativa de policiais- é irrisório
quando comparado ao gasto
previsto com essa tecnologia
até 2015, de R$ 540 milhões.
O Vant virou tema de campanha política no ano passado, quando Dilma apresentou-o nos debates e na propaganda de TV como uma ferramenta revolucionária no modo de patrulhar fronteiras.
O avião é guiado por controle remoto, voa a uma altitude média de 5.000 metros e
tem uma capacidade tão aguçada que, dessa altura, consegue fotografar a placa de
um carro em alta definição.
O primeiro Vant importado de Israel está parado num
galpão no aeródromo de São
Miguel do Iguaçu, a cerca de
40 km de Foz de Iguaçu. É
nesse aeródromo que a PF
não tem um fornecedor de
combustível. Se o avião estivesse em Brasília, ele poderia
usar combustível de outros
aviões da própria polícia.
A região de Foz foi escolhida pela PF para sediar a primeira base de Vant por ser
uma das principais portas de
entrada de armas, de drogas
e de contrabando do Paraguai. Há ainda a acusação recorrente dos Estados Unidos,
de que radicais islâmicos
usam a tríplice fronteira para
lavar dinheiro do terror.
A região é tão estratégica
do ponto de vista da segurança que o ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, visitou Foz em fevereiro e anunciou a implantação de um
Gabinete de Segurança Integrada na fronteira e o primeiro voo do Vant em março.
O avião importado de Israel faz parte de um pacote
que inclui o sistema de controle em terra e um segundo
Vant, pelo qual a PF pagou
cerca de R$ 50 milhões.
O sistema completo, com
15 aviões e quatro estações de
controle em terra, está orçado em R$ 540 milhões e deve
ficar pronto em 2015.
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