São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 2011

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Petistas reagem a Jobim, e Planalto tenta conter crise

Deputados fazem críticas ao ministro da Defesa, que declarou ter votado em Serra contra Dilma em 2010

Para secretário do PT, aliado se acha a "última bolacha do pacotinho'; tucano agradece e diz que também o nomearia


DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO


A revelação feita ontem pelo ministro Nelson Jobim (Defesa) de que votou em José Serra (PSDB) na última eleição presidencial gerou críticas de petistas e mal-estar no governo. O tucano foi o principal adversário de Dilma Rousseff (PT) em 2010.
Por orientação de Dilma, integrantes do Planalto se esforçaram em minimizar as declarações para não alimentar a crise. Para petistas, porém, as manifestações do ministro indicam que ele não terá vida longa no governo.
Jobim deu entrevista anteontem ao programa "Poder e Política", realizado em Brasília pela Folha e pelo portal UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha. Segundo ele, que é filiado ao PMDB, Dilma já sabia de sua preferência.
O deputado federal André Vargas (PT-PR), secretário de Comunicação do partido, disse no Twitter que Jobim deve se achar a "última bolacha do pacotinho": "Deve achar que não há outro ministro de Defesa possível".
Líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP) disse "estranhar" a declaração de Jobim logo depois de o ministro ter dito, em uma homenagem a Fernando Henrique Cardoso, que hoje "os idiotas perderam a modéstia". Isso incomodou o Planalto, que procurou esfriar o caso.
"Com tanta coisa para cuidar, estranho a declaração dele querendo pautar em quem votou." E finalizou: "Ele não faz de graça".
Ministro de FHC e Lula, Jobim perdeu espaço na gestão Dilma e já confidenciou que não pretende ficar até 2014.
A mais recente declaração do ministro coloca não só Dilma numa saia justa. Constrange também o vice-presidente Michel Temer (PMDB).
Ontem Temer disse em São Paulo que "todo mundo sabe que no PMDB houve divergências durante a campanha. A grade maioria votou na chapa Dilma/Temer, mas alguns tiveram dificuldades e foram compreendidos".
A afirmação de Jobim foi ironizada por peemedebistas como o deputado Eduardo Cunha (RJ): "Descobriram o grande segredo da politica brasileira: Jobim votou no Serra e não na Dilma. Daqui a pouco vão descobrir que o Aécio [Neves] votou na Dilma e não no Serra".
O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), disse que Jobim está no seu direito de eleitor e que uma parte do partido apoiou Serra: "Apenas lamentamos".
Serra agradeceu e comemorou o apoio: "Gostei de saber. Eu nunca havia perguntado a ele se iria votar ou se havia votado em mim", disse. "Se eu tivesse sido eleito, o teria convidado para participar do governo." (MARIA CLARA CABRAL, NATUZA NERY, CATIA SEABRA E DANIELA LIMA)


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