São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2010

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Só 45 dos 206 acessos feitos tinham ofício

CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO
FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA

Para a Corregedoria da Receita Federal, a maioria dos acessos das servidoras de Mauá a dados fiscais de tucanos como o vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, ocorreu de forma imotivada.
A informação é de um funcionário do alto escalão do fisco, com acesso às investigações e ao processo da Receita que apura a violação de dados de quatro pessoas ligadas ao PSDB, empresários e personalidades da televisão.
Estão envolvidas no processo a analista tributária Antônia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva e as servidoras do Serpro Adeildda Ferreira Leão dos Santos e Ana Maria Rodrigues Caroto Cano, ambas cedidas à Receita.
"Duvido de que, para algum dos acessos, tenha havido autorização", diz o funcionário da Receita Federal.
Oficialmente, a Receita afirma não ser possível precisar os acessos sem base legal nem a quantidade de contribuintes que tiveram dados violados pelas servidoras.
Contudo, quadro comparativo anexado ao processo que apura o caso indica ofícios judiciais ou solicitações feitas por contribuinte como ponto de partida para apenas 22% das consultas realizadas nos computadores de Antônia e Adeildda.
Do total de 320 acessos a dados listados pela Receita na investigação interna, 206 foram feitos nos computadores das duas servidoras.
O restante foi consultado da máquina de uma funcionária classificada como testemunha. Anexada ao processo, tabela com acessos e pedidos oficiais indica que, em 45 das 206 consultas feitas nos terminais de Antônia e Adeildda, é possível ligar as requisições atendidas às respectivas consultas.
Os depoimentos delas à Receita não esclarecem se é possível o acesso a dados sigilosos sem a necessidade de ofício. Ao ser questionada se recebeu solicitação ou ordenou algum funcionário a consultar a declaração de renda de EJ, Antônia negou.
Informou ainda que "emprestou suas senhas de uso pessoal [a duas servidoras] para atender às requisições judiciais, envolvendo cópias de declarações e solicitação de endereços". Depois de impressos, os dados seguiam em envelopes sem lacre para as mãos de um motorista, que os levava à Justiça.


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