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Presidente do TCE-AP é suspeito de abuso sexual
Diálogo com adolescente ocorreu em junho; Folha não localizou advogado de Miranda
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BELÉM
HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A MACAPÁ (AP)
Diálogos interceptados pela Polícia Federal durante a
Operação Mãos Limpas indicam que o presidente do Tribunal de Contas do Estado
do Amapá, Júlio de Miranda,
pagava regularmente a mãe
de duas adolescentes para
manter relações sexuais com
ao menos uma das menores.
Nas transcrições dos
grampos, autorizados pela
Justiça, ele dá a entender que
tirou a virgindade da menina, que à época da conversa
tinha 14 anos. Hoje, tem 15.
No fim da tarde de ontem,
a Folha tentou, mas não localizou nenhum advogado
do presidente do TCE-AP. A
mãe das meninas também
não foi encontrada.
O presidente do TCE foi
preso com outras 17 pessoas
no dia 10 deste mês, sob a
acusação de desvio de recursos do governo.
Além dele, a PF prendeu
durante a Mãos Limpas o governador do Amapá, Pedro
Paulo Dias (PP), e o ex-governador, Waldez Góes (PDT).
Os dois já foram liberados.
Miranda ainda está preso
na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, devido à suspeita de estar ameaçando testemunhas.
Os diálogos ocorreram em
junho deste ano. Inicialmente, Miranda conversa com a
mãe das duas garotas.
Ela se diz doente ("sinusite") e pede dinheiro. Logo depois, reclama que faltou R$
500 no depósito bancário,
que deveria ser de R$ 2.500.
Ele concorda: "Todo mês
agora eu vou depositar R$
2.500, não se preocupe, tá,
eu vou depositar. Segunda-feira eu boto os R$ 500".
Logo depois de dizer que
daria ainda outros R$ 1.000
para a suposta doença da
mãe, ele pede para passar o
telefone para o "meu amor,
pra minha vida", referindo-se à adolescente. Após cumprimentá-la, diz: "Sonhei
com você essa noite. Um sonho lindo, fazendo amor
contigo, melhor ainda, porque naquele dia foi show".
"Na última vez foi quando
você realmente virou mulher. Sabia? Você foi uma
loucura, uma loucura. E
atendendo ao seu pedido,
vou botar R$ 1.000 na conta
da sua mãe [...]. Beleza?"
Antes de desligar, ele diz
"te amo" quatro vezes para a
adolescente e afirma que ligaria depois para combinar
de "sair" com ela. Na conversa, a menina responde laconicamente às declarações.
Além do suposto relacionamento com a menor -que
pode vir a ser tipificado como
abuso sexual-, as investigações da PF indicam que Miranda pode ter desviado dinheiro público e ser proprietário de diversas empresas
operadas por testas-de-ferro.
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