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RÉPLICA
Falsidades federais
O governo petista faz muito barulho para pouco resultado efetivo no que diz respeito às universidades federais
PAULO RENATO SOUZA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Artigo de um professor da
USP, publicado no último dia
25 nesta prestigiosa Folha,
referindo-se ao apoio de um
segmento de professores universitários à candidata do
oficialismo à Presidência, tece loas à política do atual governo em relação às universidades federais e critica minha gestão no Ministério da
Educação.
A cantilena é velha: em
meu período teria faltado
apoio orçamentário a universidades federais, ao contrário da bonança na era Lula.
Um mínimo de compromisso com o rigor acadêmico
exige não propagar dados
falsos. Como tive oportunidade de manifestar em discurso pronunciado na Câmara dos Deputados em 12 de
dezembro de 2008, a média
anual dos recursos efetivamente aplicados em custeio e
investimento nas universidades federais, incluindo o Programa de Modernização
manteve-se inalterado em
torno de R$ 1,3 bilhões a preços de 2006 nos dois quatriênios de FHC e no primeiro de
Lula, sendo levemente maior
entre 1999 e 2002.
O governo petista faz muito barulho para pouco resultado efetivo no que diz respeito às universidades federais. Pasmem: no atual governo, diminuiu o número de
formandos nas federais: foram 84.036 em 2008, contra
84.341 em 2003.
Aliás, nesse aspecto, é
enorme o contraste com o governo anterior: considerando-se apenas o segundo
mandato de FHC, houve aumento de 40% de concluintes naquelas instituições.
O número de matrículas
nos cursos de graduação nas
federais cresceu a uma taxa
média anual de 6,0% no governo do PSDB (1995 a 2002),
contra 3,2% no do PT (2003 a
2008). Nos cursos noturnos,
a matrícula cresceu 100% no
Governo FHC e apenas 15%
nos 6 primeiros anos do governo Lula.
O que cresceu no atual governo foram vagas mal planejadas e ociosas e a evasão
escolar além de gastos e contratações de pessoal. No governo FHC a relação aluno
por docente se elevou de 8,2
para 11,9 em 2003. No governo Lula caiu até atingir 10,4
em 2008. Essas são cifras
muito baixas. Nas melhores
universidades americanas,
por exemplo, nunca é menor
do que 16 alunos por Professor.
O governo Lula anuncia 13
novas universidades federais
como obra sua. No entanto, 9
delas são resultado de fusão,
desmembramento ou ampliação de instituições federais de ensino superior já
existentes. Os números mostram que as universidades federais implantadas no governo Lula criaram vagas mal
planejadas, que não atendem à demanda real de cursos nas regiões em que foram
instaladas. Além disso, a estrutura é precária e faz com
que os jovens desistam de
prosseguir em seus cursos. É
o caso da Universidade Federal do ABC, que perdeu 42%
dos alunos entre 2006 e
2009.
Criar Universidades é muito mais do que assinar decretos e construir prédios. A tarefa de implantá-las ficará
para seu sucessor. É curioso
observar a capacidade que
Lula tem de apropriar-se de
feitos alheios. Foi assim com
a política econômica e com
os programas sociais criados
por FHC. Agora, no caso da
expansão das universidades
e escolas técnicas federais, a
apropriação é "a futuro".
PAULO RENATO SOUZA é secretário de
Educação de São Paulo. Foi ministro da
Educação (governo FHC)
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