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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Dilma infla ação federal na venda de PCs
Pré-candidata do PT apontou números acima dos usados pelo mercado e supervalorizou o papel do governo
Linha de financiamento no BB e na Caixa criada para incentivar a venda de computadores foi desativada em 2008
RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA
Na semana em que priorizou a "inclusão digital" em
seu site, Dilma Rousseff (PT)
apontou números de vendas
de computador acima dos divulgados pelo mercado, errou cálculos e supervalorizou o papel do governo na
comercialização de PCs.
No programa "Fala Dilma"
de anteontem, a petista disse
considerar o programa federal Computador para Todos
como muito importante no
aumento do número de famílias brasileiras com PCs.
De acordo com a pré-candidata petista, o objetivo do
programa era baratear o preço por meio da redução dos
tributos e massificar as vendas com financiamentos do
Banco do Brasil e da Caixa à
população interessada.
"Em 2004, quando o programa foi criado, eram em
torno de 5,5 milhões de computadores vendidos. Hoje,
hoje que eu falo é 2009, são
17 milhões de computadores
comercializados", afirmou.
"Nós multiplicamos por
três vezes e meia o número de
computadores vendidos no
Brasil", completou a petista.
Os números não batem
com os do mercado: a Abinee
(Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica)
afirma, com base em levantamento da consultoria IT Data, que foram vendidos 12 milhões de unidades de PCs em
2009 (5 milhões a menos do
que diz Dilma), sendo 30%
por meio do comércio ilegal.
Outra consultoria, a IDC,
aponta vendas de 11 milhões.
Em relação à data e aos
cálculos de Dilma, o Computador para Todos foi criado
no final de 2005 (não em
2004). E, mesmo considerando os números citados, a
multiplicação é de três vezes,
e não de "três vezes e meia",
como disse a pré-candidata.
QUEDA DOS PREÇOS
Dilma dá a entender que
atribui somente ao governo a
expansão da venda de computadores -que chegaram a
18 milhões de lares em 2008,
mais do que o dobro de 2004.
Um dos motivos do aumento foi de fato a isenção de
tributos que o governo concedeu ao setor, mas a expansão foi estimulada também
pelas quedas do dólar e dos
preços dos computadores em
todo o mundo, além do aumento da renda do brasileiro, segundo as consultorias.
Se considerado só o programa original (que não previa desoneração), o universo
de unidades comercializadas
cai drasticamente.
O programa tem dois pilares: no primeiro, o BNDES financia o varejo a adquirir
computadores para revenda
a um preço limite e juros de
até 3% ao mês. O orçamento
permitiria ao varejo adquirir
não mais que cerca de 1 milhão de computadores.
A outra ponta era a possibilidade de o cidadão obter
financiamento no BB e CEF.
Essa linha foi desativada em
dezembro de 2008. A IT Data
diz que só 1,2 milhão de computadores foram vendidos de
2006 a 2008 pelo programa.
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