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Lula minimiza fala do papa sobre aborto
Presidente diz que não viu novidade na declaração de Bento 16 e que esta é a posição da igreja "desde que ela existe"
Em Recife, sem poder discursar devido à Lei Eleitoral, Lula faz uma caminhada de apoio
à candidatura de Dilma
DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO
FÁBIO GUIBU
DE RECIFE
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva minimizou ontem a declaração do papa
Bento 16, que condenou o
aborto e conclamou um grupo de bispos brasileiros a
orientar o voto dos católicos.
Em Roma, o papa reiterou
a posição católica sobre o
aborto, condenando o uso de
projetos políticos que defendam aberta ou veladamente
sua descriminalização.
"Eu não vi nenhuma novidade na declaração do papa.
Esse é o comportamento da
Igreja Católica desde que ela
existe", avaliou Lula, após
visitar o Salão do Automóvel,
na capital paulista.
Questionado sobre a proximidade do discurso do papa com a eleição no Brasil, o
presidente preferiu não polemizar: "Isso pode ser falado a
qualquer momento: ontem,
hoje ou amanhã. Toda vez
que você questionar um papa sobre a questão do aborto
ele vai dizer exatamente o
que disse o Bento 16".
Às vésperas da eleição, Lula pediu também a eleitores
indecisos que votassem na
candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff: "Se não
tiver candidato ainda, vote
na minha candidata", disse.
Ele também criticou a abstenção. "A única coisa que
posso pedir ao povo brasileiro é que no domingo compareça para votar. É o momento
de a gente escolher quem vai
governar esse país, é que
compareçam para votar."
Ele aproveitou para criticar o nível da campanha eleitoral e dizer que Dilma sofreu
"preconceito": "Fico triste
porque a campanha teve um
nível muito baixo. Eu acho
que a candidata Dilma foi vítima do preconceito contra a
mulher brasileira".
Depois do evento, ele foi
ao Hospital Sírio-Libanês para visitar o vice-presidente
José Alencar, internado desde segunda com um quadro
de suboclusão intestinal. A
seguir, foi para o aeroporto,
de onde viajou para Recife.
RECIFE
Na capital de Pernambuco, Lula participou de uma
caminhada de apoio a Dilma.
Tratado como um popstar,
Lula foi aclamado por uma
multidão que tomou cerca de
2,5 quilômetros da avenida
Conde da Boa Vista.
Sob chuva, Lula correspondeu aos gritos dos militantes e brincou: sobre um
caminhão, fingiu que se protegia da água com uma pequena sombrinha de frevo e,
em seguida, usou um chapéu
de couro branco sertanejo.
Sem poder discursar por
força da Lei Eleitoral, que
proíbe comícios às vésperas
da eleição, o presidente ainda tentou lembrar a multidão
que o evento era a favor de
Dilma. Ergueu uma bandeira
da candidata, colocando-a
sobre a cabine do caminhão.
Em vão. O carro de som tocava "Lula-lá", e os militantes gritavam seu nome dele e
refrões como "Lula, guerreiro do povo brasileiro".
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