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FOCO
Governador no massacre de Carajás e MST se unem pelo PT
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BELÉM
A campanha de reeleição
da governadora do Pará Ana
Júlia Carepa (PT) conseguiu
colocar do mesmo lado o
MST e Almir Gabriel, governador à época do massacre
de Eldorado do Carajás (PA),
em 1996, quando 19 integrantes do movimento sem-terra foram mortos por policiais militares.
Mesmo guardando diferenças com a petista, tanto
Gabriel (ex-tucano e hoje
sem partido) quanto o MST
aceitaram apoiar a candidatura da petista.
O apoio do ex-governador
foi anunciado numa entrevista coletiva há 14 dias, marcada pelas respostas evasivas de ambos os lados a respeito das críticas que um
sempre fez ao outro.
Ana Júlia chamou esse
problema de uma "questão
menor". Por outro lado, Almir Gabriel se intitulou "um
democrata autêntico", que
não se incomoda com a "divergência de opiniões".
A aliança tem origem na
não indicação de Gabriel, 78,
por parte do PSDB.
Diante da negativa, em favor de Simão Jatene (PSDB),
ele se rebelou: desfiliou-se
por meio de uma carta publicada num jornal local e
apoiou no primeiro turno Domingos Juvenil (PMDB), candidato do deputado federal
Jader Barbalho.
Passou a mirar suas baterias no ex-pupilo Jatene ("um
preguiçoso"), na mineradora
Vale e em seu presidente, Roger Agnelli -que, segundo
ele, não quer o desenvolvimento do Estado do Pará. A
empresa não se pronunciou
sobre as críticas.
Ao lado de Ana Júlia, depois de uma conversa com o
presidente Lula e a candidata
petista à Presidência, Dilma
Rousseff, gravou vídeos, esteve em comícios e garantiu
que não quer nenhum cargo.
Mas isso não convenceu o
MST. "Ainda o consideramos
um assassino", disse Charles
Trocate, umas das lideranças
do movimento no Estado.
Desde o massacre de Eldorado, quando 155 homens da
Polícia Militar atiraram contra sem-terra que bloqueavam a rodovia PA-150, os trabalhadores rurais associam o
PSDB, e especialmente Gabriel, à violência no campo.
"Não fomos consultados
sobre essa aliança. Alguns
aliados, nacionais e estaduais, no cobraram por isso", disse Trocate. "Mas para
todos eu dava a mesma resposta: o partido é responsável pelas alianças, não nós."
"É só uma aliança tático-
-eleitoral, não se reproduzirá
por um longo período."
Tanto que a presença de
Gabriel no palanque petista
não impediu que sem-terra
continuassem a fazer o que
Trocate chamou de "agitação
política" em favor do PT.
Quando atendeu um telefonema da Folha, por exemplo, estava prestes a começar
uma reunião para convencer
moradores de Canaã do Carajás (PA) a votar na petista.
Gabriel nega que tenha ordenado o massacre. Ele nunca foi processado por envolvimento no crime.
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