São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

FOCO

Governador no massacre de Carajás e MST se unem pelo PT

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BELÉM

A campanha de reeleição da governadora do Pará Ana Júlia Carepa (PT) conseguiu colocar do mesmo lado o MST e Almir Gabriel, governador à época do massacre de Eldorado do Carajás (PA), em 1996, quando 19 integrantes do movimento sem-terra foram mortos por policiais militares.
Mesmo guardando diferenças com a petista, tanto Gabriel (ex-tucano e hoje sem partido) quanto o MST aceitaram apoiar a candidatura da petista.
O apoio do ex-governador foi anunciado numa entrevista coletiva há 14 dias, marcada pelas respostas evasivas de ambos os lados a respeito das críticas que um sempre fez ao outro.
Ana Júlia chamou esse problema de uma "questão menor". Por outro lado, Almir Gabriel se intitulou "um democrata autêntico", que não se incomoda com a "divergência de opiniões".
A aliança tem origem na não indicação de Gabriel, 78, por parte do PSDB.
Diante da negativa, em favor de Simão Jatene (PSDB), ele se rebelou: desfiliou-se por meio de uma carta publicada num jornal local e apoiou no primeiro turno Domingos Juvenil (PMDB), candidato do deputado federal Jader Barbalho.
Passou a mirar suas baterias no ex-pupilo Jatene ("um preguiçoso"), na mineradora Vale e em seu presidente, Roger Agnelli -que, segundo ele, não quer o desenvolvimento do Estado do Pará. A empresa não se pronunciou sobre as críticas.
Ao lado de Ana Júlia, depois de uma conversa com o presidente Lula e a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, gravou vídeos, esteve em comícios e garantiu que não quer nenhum cargo.
Mas isso não convenceu o MST. "Ainda o consideramos um assassino", disse Charles Trocate, umas das lideranças do movimento no Estado.
Desde o massacre de Eldorado, quando 155 homens da Polícia Militar atiraram contra sem-terra que bloqueavam a rodovia PA-150, os trabalhadores rurais associam o PSDB, e especialmente Gabriel, à violência no campo.
"Não fomos consultados sobre essa aliança. Alguns aliados, nacionais e estaduais, no cobraram por isso", disse Trocate. "Mas para todos eu dava a mesma resposta: o partido é responsável pelas alianças, não nós."
"É só uma aliança tático- -eleitoral, não se reproduzirá por um longo período."
Tanto que a presença de Gabriel no palanque petista não impediu que sem-terra continuassem a fazer o que Trocate chamou de "agitação política" em favor do PT.
Quando atendeu um telefonema da Folha, por exemplo, estava prestes a começar uma reunião para convencer moradores de Canaã do Carajás (PA) a votar na petista.
Gabriel nega que tenha ordenado o massacre. Ele nunca foi processado por envolvimento no crime.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Forças Armadas vão reforçar segurança em cinco Estados
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.