São Paulo, sábado, 09 de dezembro de 2000

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A Festa do Bode
Mario Vargas Llosa
Tradução: Wladir Dupont
Mandarim (Tel. 0/xx/11/3649-4600)
450 pág., R$ 37,00

O romance contém os ingredientes típicos do "best-seller", com forte tempero caribenho: sexo, assassinatos, torturadores e políticos corruptos. Em sintonia com a receita, a festa do título alude a uma comemoração popular em que bodes são mortos e comidos em meio a danças -sacrifício que o livro converte na celebração do fim de uma "longa e tenebrosa tirania". O relato desenvolve-se em torno dos preparativos do atentado contra Rafael Trujillo, que governou a República Dominicana de 1930 a 1961. O atentado é rememorado em contraponto com a visita a Santo Domingo de Urânia, filha de um ex-ministro caído em desgraça por obra do truculento ditador, que volta ao país para acertar contas com seu passado. Vargas Llosa continua o habilidoso narrador de sempre, capaz de prender a atenção do leitor com a rapidez e precisão dos diálogos, o andamento do enredo à moda da narrativa policial, além da pesquisa histórica rigorosa que lhe permite revelar detalhes escabrosos da era Trujillo. Falta-lhe, porém, ultrapassar a barreira do mero entretenimento, para que seu livro possa se inserir na linha de tradição do romance hispano-americano que vai de "O Senhor Presidente", de Miguel Angel Astúrias, a "Eu, o Supremo", de Augusto Roa Bastos, ou "A Morte de Artemio Cruz", de Carlos Fuentes.


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